Uma conversa comigo mesma
Por Vanessa Sene Cardoso
Se tivesse a oportunidade de atravessar o túnel do tempo e se encontrar com você mesmo no passado, o que diria?Fiz esse exercício. Hoje, aos 53 anos, resolvi marcar um encontro para tomar um café com a Vanessa de 23 anos.
— Ehh... Jornalista recém-formada, diante do desconhecido, muitos desafios e expectativas pela frente... Me conta uma coisa: o que aconteceu?
— Bom, como você sabe, começamos na TV, durante a faculdade, mas depois da formatura, o início da carreira foi no rádio, depois veio a televisão, exploramos muitas áreas da comunicação.
— Uau! E o sonho de ser escritora? Aliás, lembra das palavras de incentivo do nosso pai?
— Claro! Em 2009, saiu nosso primeiro livro. Criamos o Limoeiro Produções Literárias. E sabe qual o primeiro livro que levou nosso selo?
— Nem imagino!
— A biografia do nosso pai nos 80 anos dele. Depois produzimos mais dois livros, e, atualmente, estamos trabalhando em mais duas para este ano.
— Foi muito bom relembrar esses trinta anos. Muito obrigada, Vanessa, por ter perseverado até aqui!
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O ofício de escrever
Por Vanessa Sene Cardoso
Hoje é o dia do escritor. Pensei em redigir um artigo para marcar a data refletindo um pouco sobre a importância da escrita, mas logo mudei de ideia. Sabe por quê? Porque as palavras servem para dar vida e expressar pensamentos, conceitos, conhecimento, arte... Como escolhi o ofício de contar história, por meio da escrita, decidi compartilhar a minha, de como ingressei nesse ofício.
O meu amor pela leitura e pela escrita vem da infância. Sempre recebi muito incentivo do meu pai, que também gosta muito de ler e, quando jovem, se arriscou nas letras, especialmente, na poesia. Quando cheguei à adolescência, escolhi o curso de jornalismo. Já na vida adulta passei a sentir um desejo grande de me tornar escritora, mas enfrentei um dilema: escrever sobre o quê. Pensei em várias possibilidades: literatura infantil, reflexões sobre a vida cristã, conteúdo específico sobre a área de comunicação. Tudo isso é muito legal e já escrevi sobre esses assuntos. No entanto, eram temas para artigos, reflexões, textos curtos. Queria escrever livros. Falei da minha ansiedade e dúvidas para Deus, e pedi que ele me orientasse nessa questão. Descansei crendo que, no momento certo, receberia a direção.
Em fevereiro de 2009, recebi o convite para escrever a biografia do Pr. Messias Anacleto Rosa. Foi um desafio e tanto! A partir de então, descobri que gosto de contar histórias. Em 2015, criei meu blog Limoeiro, onde escrevo sobre vários assuntos. Em 2018, lancei meu selo Limoeiro Produções Literárias, com a finalidade de produzir livros. Tenho três publicações, e estou com dois projetos em andamento. Ser escritora é algo que traz muita alegria ao meu coração!
Para todos que exercem esse ofício, desejo um feliz dia do escritor!
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Birra!
Por Vanessa Sene Cardoso
Vivemos em uma sociedade onde impera o “aqui e agora”. Muita gente tem dificuldade em respeitar limites, se submeter a regras, seja em qualquer ambiente.
Duas amigas se encontram na igreja
– Oi, Maria, tudo bem?
– Tudo bem, e você?
– Você vai participar do curso “Como estabelecer limites para os filhos”?
– Curso? Não estou sabendo.
– Sério! Você não tem ido aos cultos? Há três semanas que está sendo divulgado na Igreja. Inclusive, as vagas são limitadas. Quando fiz a minha inscrição restavam poucas.
– Sabe, Celeste, quero fazer esse curso porque tenho enfrentado problemas com meus filhos. Eles não aceitam regras, desobedecem. Não entendo o porquê disso.
No outro dia
– Bom dia, eu vim
fazer a inscrição para o curso “Como estabelecer limites para os filhos”.
– Que pena! Não há
mais vagas.
– Sinto muito, mas as vagas estão esgotadas. Na sala que temos para a realização desse evento é possível acomodar um número limitado de pessoas, apenas 100. Nós temos uma lista de espera, vou acrescentar o seu nome. Mas fique tranquila, esse curso será oferecido no mês que vem. Se não der para participar dessa vez, você terá outra oportunidade.
– Você não está entendendo, minha filha, eu preciso fazer esse curso AGORA. É só colocar mais uma cadeira na sala.
– Isso não é possível, pois há vinte pessoas na lista de espera; se houver desistências, nós temos que encaixar as pessoas respeitando a ordem na lista.
– Isso é um absurdo! Eu vou falar com a liderança, tenho certeza que vou conseguir uma vaga. Você sabe quem eu sou? Vou participar desse curso de qualquer jeito.
Considerações
A história acima é apenas uma ilustração, no entanto serve para reflexão sobre a nossa postura e atitudes nas mais diferentes circunstâncias da vida. A personagem Maria quer participar do curso “Como estabelecer limites para os filhos” porque está enfrentando dificuldades em sua casa, mas ela não se dá conta de que também não consegue respeitar os limites que lhe são impostos (não há mais vagas). A indisciplina dos filhos pode ser um reflexo de sua própria conduta.
Quando nos deparamos com uma criança birrenta, somos rápidos em ficar irritados, em julgar e realmente é algo desagradável. Mas se considerarmos que ela está no início da vida e, muitas vezes, não entende por que está sendo contrariada, torna-se mais fácil lidar com a situação. E quanto aos adultos birrentos? Qual nossa atitude quando as coisas não acontecem como gostaríamos? E quando recebemos um “não”?
À medida que a criança cresce e aprende a se relacionar com outras pessoas, vai percebendo que não é o centro do mundo. É um processo natural de amadurecimento. Mas há adultos que ficam prisioneiros na imaturidade por medo de enfrentar a dor do crescimento. O próprio Jesus nos deu o exemplo: Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu (Hebreus 5.8). Que tal sair da zona de conforto? Sinta-se encorajado pelo amigo Jesus a enfrentar os seus medos. Ele abriu o caminho. Vamos em frente!
Para quem já
avançou um pouco mais, aproveite as oportunidades para exercitar a
tolerância: Se alguém te obrigar a andar
uma milha, vai com ele duas (Mateus 5.41).
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Ser tia
Tenho ótimas lembranças da
minha infância e grande parte delas está relacionada com a família, não só o
núcleo – pai, mãe, irmãos – mas avós, tios, tias, primos, primas. Hoje quero
falar de tias e tios. Vamos lá! Imagine as cenas a seguir.
A garotinha, que não tinha mais do que cinco
anos, olhava fascinada, sem piscar, a tia se arrumar para sair. Depois de
finalizar a maquiagem, ela agachava e coloria a boca da sobrinha com brilho
labial. A menininha achava o máximo! O gostinho de morango ainda permanece na
memória mais de quarenta anos depois.
Pular elástico era a brincadeira do momento.
A sobrinha foi ensinar a técnica ao tio. Resultado: uma cicatriz na testa dele,
que anos mais tarde, com a sobrinha já adulta, exibia, cheio de orgulho. Motivo
de boas recordações.
O telefone tocava e, do outro lado da linha,
a voz firme da tia que sempre queria saber como iam os estudos da sobrinha. Era
aquela que vibrava, embora de maneira contida, porém interessada, com
as conquistas acadêmicas da menina.
Ah! E aquela viagem de trem que foi uma
aventura na companhia dos primos, todos adolescentes, quem proporcionou?! A
tia, que sempre tinha uma pitada de humor, fazendo daquela excursão um momento
inesquecível.
Aos 20 anos, junto com a prima também jovem,
foi conhecer uma praia em outro estado do país. Sol, mar, passeios incríveis,
com direito a muita diversão e boas risadas. Quem levou as sobrinhas? A tia.
O tio, que morava distante, toda vez que
vinha visitar a família trazia presentes para os sobrinhos. Como não podia ser
diferente, os olhinhos da sobrinha, que ainda era muito pequena, brilhavam
diante do carinho e dos mimos do tio.
Todo sábado o tio lavava o fusca azul. A
sobrinha ao ver essa cena sabia que era prenúncio de passeio.
A tia, escritora de peças teatrais e
excelente comunicadora, compartilhava os textos com a sobrinha. Uau! Quanta
admiração! Com certeza serviu de referência na jornada profissional da garota.
Essas são apenas algumas lembranças, uma pequena amostra da importância dos tios e tias na vida de uma sobrinha. Há muito mais para contar, o que exigira tempo e espaço para narrar tantas histórias. Com certeza, fui agraciada!
A bolinha de queijo saborosa, as dicas domésticas, os presentes, as conversas enriquecedoras, as confidências, as risadas, as brincadeiras, o silêncio significativo, o abraço, o consolo, as orações, as advertências, as recordações, a presença, o amor... Essas joias formam o tesouro, cujo valor não é possível mensurar. Sendo adulta ainda desfruto da bênção de ser sobrinha.
Minhas tias são referências na minha vida. Com elas aprendi que é um privilégio e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade exercer esse papel na família. Desejo e busco de todo o coração ser bênção na vida de meu sobrinho e minhas sobrinhas. Eles são presentes que recebi de Deus. Sou muito grata por tê-los em minha vida.
Amo ser tia!
21 de setembro: dia do tio e da tia.
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Mulher e as fases da vida
Por Vanessa Sene Cardoso
“É uma menina!” A partir daí, já começam os preparativos, os planos, sonhos e expectativas para a nova integrante do mundo feminino. Quem já recebeu essa notícia ao deixar a sala de ultrassonografia, ou após o parto, sabe do que estou falando.
Cada gênero tem suas peculiaridades e, por mais que os tempos atuais proponham uma série de conceitos sobre o tema, ainda prevalecem as características inerentes aos universos feminino e masculino. As novas roupagens e artifícios não são capazes de transformar a essência. Fato!
Criança é criança. Na infância, meninos e meninas querem brincar, se divertir, exercitar a imaginação. Necessitam, basicamente, de um teto, alimento, roupas, proteção, segurança, cuidado, presença, exemplo, enfim, amor. Nessa fase, exceto pelas características fisiológicas, as semelhanças predominam sobre as diferenças.
Quando chega a puberdade, a coisa muda de figura. Os hormônios têm protagonismo nessa fase da vida, pois eles dão o tom para ressaltar as diferenças entre os gêneros, tanto física quanto emocionalmente. O assunto desta reflexão são as mulheres, por isso, nos despedimos dos homens por aqui.
Agora é só entre nós, meninas!
Me conta uma coisa: Você já teve a menarca? O QUÊ? Esse evento é um marco na vida de toda mulher, pois é o prenúncio de uma nova fase. É a transição da infância para a vida adulta. Não se preocupe! Você não vai dormir menina e, após a primeira menstruação, acordar mulher. É um processo! Quem já está nessa caminhada há algumas primaveras pode testemunhar as mudanças no corpo, e também as alterações de humor. Para as calouras, trata-se da famosa TPM (Tensão pré-menstrual). Quando ela chega, dá vontade de chorar até mesmo sem motivo. Outro efeito é a irritação que faz com que um simples “Bom-dia” seja o estopim para a terceira guerra mundial. Ah! O exagero também é típico da adolescência. E tem mulher que passa incólume por tudo isso. Cá entre nós, acho que a minoria.
Escrevi o parágrafo anterior pensando nas pré-adolescentes, como você percebeu. No entanto, conforme o dito popular, “recordar é viver”. Durante, pelo menos, quatro décadas, navegamos no mesmo mar, algumas vezes sem ondas, na maré mansa; outras, com maremotos.
Agora, quero falar de outra fase da vida que, para algumas de nós, é um “calcanhar de Aquiles”, ainda que temporário. Aqui, novamente, os hormônios roubam a cena. A natureza tem seus mistérios. Como algo que nem enxergamos consegue desestabilizar nosso organismo?! Aguenta firme! Porque, passada essa fase, tudo se ajeita e adapta-se à sua nova condição. É hora de uma pausa, menopausa, mudança de ritmo. Fique atenta para não perder o compasso.
A maturidade chega com a sua bagagem: equilíbrio emocional, contentamento, autoconhecimento, desconfortos novos... Enfim, a vida é cheia de perdas, ganhos, desafios e muito aprendizado. Vale muito a pena! Ainda mais se tivermos intimidade com o Espírito Santo: Tu me mostras o caminho que leva à vida. A tua presença me enche de alegria e me traz felicidade para sempre (Salmos 16.11 – NTLH).
Sugiro um exercício: pare um pouco, pense na fase da vida em que você se encontra, desabafe em uma folha em branco ou bloco de notas digital. Não importa se você não é íntima das letras: ESCREVA. Isso ajuda a gente a se perceber. Vai por mim! Depois me conta como foi a experiência.
Dedico esse texto a todas as mulheres, em especial a uma mocinha que está completando mais um ano hoje. Parabéns, Ana Luisa! Que você aproveite, ao máximo, cada fase da sua vida e continue escrevendo uma linda história que seja inspiração para outras mulheres.
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Tenha bom ânimo
Fim de ano, na maioria das vezes, requer uma retrospectiva ou reflexão
sobre os doze meses que se passaram. Decidi fazer uma analogia de 2020 e as
etapas da vida. Aliás, ela passa em um piscar de olhos, assim como o ano.
Infância
A infância é a fase da imaginação, da fantasia. Quando eu era criança, costumava criar histórias, personagens com os quais conversava, e que povoavam as minhas brincadeiras solitárias. Nos momentos coletivos, o elenco exclusivo ficava quietinho dentro do meu universo particular. Junto com outras crianças, a coisa mudava de figura, ou melhor, surgiam novos personagens e invenções.
Brinquei e criei muito na infância. Um simples tapete cobrindo duas hastes de madeira encostadas no muro do fundo do quintal, e uma bacia de lavar roupa no gramado se transformavam em uma casa com piscina – a coqueluche dos anos 70 e 80. Tudo parecia grande e real. As bonecas tinham nome e, para mim, eram filhas, sobrinhas, irmãs...tinham vida própria.
Quando o ano começa, normalmente, é assim. E 2020 não foi diferente. Ficamos como crianças esperando por algo novo, surpreendente; basta observar o comportamento, as reações das pessoas na passagem do ano. Penso que até os mais pessimistas, lá no fundinho, têm expectativas e trazem à tona aquela velha criança, meio empoeirada, com algum mofo, cheirando naftalina; talvez meio sem vida, como as bonecas abandonados na adolescência. Mas ela está lá no interior.
Adolescência
A adolescência chega de repente. O corpo fica estranho, os hormônios desconfiguram a imagem diante do espelho: espinhas na testa; boca, nariz, orelhas ENORMES; e no caso dos meninos, ainda tem a voz que, em um segundo, sobe e desce uma oitava; os sentidos parecem ficar mais aguçados, e desordenados. Isso sem falar no turbilhão emocional. Para as meninas, em especial, tudo é intenso, ganha novas proporções: “Minha melhor amiga”, “Odeio cebola”; “Se eu tirar nota vermelha, morro”; “Pareço uma baleia”. Quem nunca?!
Descobrimos um mundo abstrato que nos suga da concretude da infância. A inocência se depara com a realidade. Queremos romper com a etapa anterior. Essa é a fase do conflito, do confronto, das dúvidas, dos questionamentos. A transição da infância para a vida adulta é um tempo marcado pela instabilidade. Parafraseando um adolescente, é o CAOS. Temos crise de identidade, inadequação; surgem os rótulos, apelidos.
Falando assim, parece não ter nada de bom. Mas quem já passou por essa fase sabe o quanto é divertido. A gente ri à toa, se apaixona, descobre como é legal fazer parte de uma turma, começa a conquistar autonomia, descobre tanta coisa nova.
A adolescência de 2020 começou em março. Quem imaginaria que, do dia para noite, nossa rotina, a sociedade, o mundo virariam de cabeça para baixo?! A pandemia de Covid-19 e seus desdobramentos desestabilizaram nossa vida, mudaram nossos hábitos, nossas relações, nossa comunicação. Ufa! Esse tema já foi abordado à exaustão.
Juventude
A juventude é a fase da sensação de invencibilidade. EU TENHO A FORÇA! Escolho minha carreira, conquisto a independência, sou o dono do meu nariz e da verdade. Para que ouvir o conselho dos mais velhos?! Eles estão por fora, ultrapassados – permitam-me essa pitada de exagero, ok?
Em maior ou menor escala, o jovem não se liga muito no passado, que é recente; e também não se imagina no futuro, embora faça planos. O que importa é o “agora”. Afinal, é uma fase de muito vigor, sonhos, desejos. Há muita energia para gastar, falta apenas o fio para conduzir e canalizar essa energia. Isso vem com o tempo e a experiência. Essa é a hora de quebrar a cara. Ainda dá tempo de recomeçar. A juventude é linda. Vigor, boa aparência física, muitas oportunidades pela frente.
Depois do turbilhão provocado pela pandemia, que deixou tudo fora do lugar, nos deparamos com novas possibilidades de fazer as coisas, reinventar o cotidiano, eis aí uma característica típica da juventude: inovar; desconstruir para depois reconstruir de outra forma. Tivemos que mudar nossos hábitos, comportamento, forma de comunicação.
Maturidade
Quando chegamos à fase adulta temos a convicção de algo que até então era uma suspeita: a vida é difícil. Nem tudo é possível; o fracasso e a frustração fazem parte do script; não existe príncipe encantado; as contas para pagar não falham; temos limitações; o controle é uma ilusão...
Como em cada etapa, a maturidade tem suas compensações. Adquirimos sabedoria com as experiências; entendemos que tudo passa; atingimos um estado de contentamento e conforto em ser quem somos, pois passamos a nos conhecer melhor; a opinião dos outros a nosso respeito perde força de comando; nossas emoções trocam a montanha russa pelo trenzinho; percebemos que, muitas vezes, a paz tem mais valor do que a razão. Experimentamos a liberdade.
E 2020 termina com algumas frustrações, sonhos abortados, planos não realizados, perdas; mas, como na maturidade, rico em aprendizado. Para mim, o saldo é positivo. Deixo a bola quicando para você... Reflita. É um bom exercício!
2021
Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo (João 16.33).
A palavra de Jesus para nós hoje e no ano que se inicia é TENHAM BOM ÂNIMO. Não tem como evitar as intempéries da vida. Mas, em Cristo, encontramos a paz que não depende de circunstâncias. PAZ é o que desejo para você.
Feliz Ano Novo!
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No cantinho pra pensar
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Dia do Jornalista
Como minha história no jornalismo começou...
Até então, minha decisão tinha sido tomada por uma convicção subjetiva, pois não tinha conhecimento e vivência sobre o que era e quais as implicações de ser uma jornalista. No primeiro dia de aula tive contato com os colegas; um mundo novo se abria à minha frente e veio a primeira decepção: “Você tem cara de quem faz odontologia”. Esse comentário de um colega, além de me chatear, me fez refletir: Que cara tem um jornalista?
Percebi que eu não me encaixava muito bem no estereótipo do estudante de jornalismo. Não era “bicho-grilo”; não era engajada em movimentos estudantis; por causa da timidez, tinha dificuldade de me expressar em público. Ou seja, na minha visão imatura e distorcida, jamais poderia seguir nessa profissão. Durante os anos de faculdade, enfrentei algumas crises internas e externas. Certa vez uma professora me questionou: “Você tem certeza que quer ser jornalista?” Só não desisti do curso porque dentro de mim havia a certeza de que tinha feito a escolha certa, embora não soubesse muito bem onde isso ia dar. Em nenhum momento assumi a posição de vítima, pois os confrontos me fizeram enxergar que precisava crescer, me desenvolver. Foi um tempo de muito aprendizado na área acadêmica, mas, principalmente, na vida pessoal.
Terminei o curso, e alguns dias antes da formatura, estava em casa e, olhando através da janela, não consegui conter as lágrimas. O que vai ser daqui para a frente?
Deus foi muito bom comigo e as portas foram se abrindo, fui enfrentando os desafios, vencendo a insegurança, me aperfeiçoando, ganhando experiência. A cada erro ou fracasso, quando pensava em desistir, ouvia do meu pai: “Só erra quem faz”. Essa afirmação me acompanha ao longo de todos esses anos. Trabalhei em rádio, como redatora e editora; como repórter de TV; produção de matérias para jornais e revistas; produção e gerenciamento de conteúdo para internet; assessoria de imprensa; assessoria de comunicação; escrevi um livro; tenho projetos em andamento; e o meu Blog Limoeiro, onde planto minhas ideias.
O jornalista é um profissional que transforma fato em notícia. Suas ideias são codificadas pelas palavras (escrita e oral), imagens, sons, gestos. Na faculdade fui ensinada que o jornalista deve ser imparcial; na prática aprendi que esse conceito não se sustenta. O simples fato de existir a função de editor já derruba por terra a imparcialidade. Dependendo da ótica, histórico, cultura, crenças e filosofia de vida do profissional, a verdade pode acabar se tornando uma versão. É claro que a ética pessoal e profissional nos faz buscar uma aproximação com a verdade dos fatos.
Hoje, três décadas depois de tomar uma das decisões mais importantes da minha vida, não me arrependo. A convicção que na época era subjetiva, com o passar do tempo, se tornou objetiva no exercício da profissão. Tenho um longo caminho pela frente de aprendizado, novas descobertas, mas de uma coisa estou certa: Se tivesse que escolher uma profissão hoje seria o jornalismo.
Ah! Minha amiga que sugeriu o Curso de Comunicação Social foi fazer Direito.
Aos meus colegas de profissão, a minha homenagem. Feliz Dia do Jornalista!
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Eu tenho! Vamos lá!
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Amor por Londrina
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Tem boi na linha
Dias atrás, combinei com uma amiga de visitar uma feira de produtos orgânicos. O que seria algo simples e corriqueiro, para nós se tornou uma aventura. Vamos comigo!
Outra amiga – vou chamá-la de Renata – que já havia ido à feira me explicou como chegar lá. “Que fácil”, pensei. Não vai ter erro. É só passar em frente à casa dela; no fim da rua virar à esquerda; nesse ponto há três entradas, mas devo seguir na do meio, e pronto; passando um condomínio residencial já estaria no meu destino. Mal sabia o que me aguardava.
Depois de me dizer como chegar à feira, Renata fez uma observação com bastante ênfase:
– Quando estiver chegando, você vai ter que prestar MUITA ATENÇÃO, pois o lugar é meio ESCURO, e não tem identificação. Pode acabar passando batido.
Munida dessas informações e com o auxílio de uma “copiloto” eficientíssima, #partiufeira. Minha amiga e eu fomos conversando numa boa, passamos pelos pontos de referência que Renata havia nos dado. Percorremos toda a extensão do muro que cercava o condomínio e... nada.
Eu disse para minha “copiloto”:
– Acho que entendi errado. Vamos voltar no entroncamento e tentar as outras duas entradas. O que acha?
Tentativas frustradas. Era noite e não encontramos ninguém pelo caminho que pudesse nos orientar. Você pode estar se perguntando: Por que não usou GPS? A bateria do celular estava por um fio. Que mancada, né?! Antes de descarregar completamente, consegui ligar para Renata.
– Seguimos as suas orientações e não encontramos a feira – eu disse.
Renata repetiu a explicação. Fiquei intrigada: Onde ficaria a tal feira? Lá fomos nós novamente! Enquanto eu dirigia, minha amiga olhava através da janela do carro procurando um ajuntamento de barraquinhas em cada viela pela qual passávamos. Já estávamos saindo do bairro, chegando a um lugar ermo. Minha amiga e “copiloto”, quase com o pescoço deslocado de tanto olhar para fora, cogitou:
– Pode ser que hoje, excepcionalmente, a feira não esteja funcionando.
Ligamos para Renata mais uma vez, e ela se dispôs a nos acompanhar para mostrar o caminho. Voltamos ao ponto de partida, encontramos nossa amiga que, prontamente, tomou a dianteira. Seguimos o carro dela. O trajeto que tínhamos feito estava certo. De repente, Renata acionou a seta para a esquerda. Comentei com minha amiga:
– Não acredito que ela vai entrar onde estou pensando.
Do lado esquerdo da pista havia uma galeria de lojas muito bem iluminadas, estacionamento na frente, quase um mini Shopping Center. Nas nossas idas e vindas à procura da feira orgânica passamos, pelo menos quatro vezes, em frente ao prédio. Com base na descrição de nossa amiga Renata, jamais imaginamos que pudesse ser naquela galeria a tal feirinha orgânica. Afinal de contas, se tinha algum lugar naquela região que não passaria despercebido era ali. Parecia um enorme painel de neon em meio à escuridão!
O “ocorrido” rendeu boas risadas, comentários carregados de bom humor, reflexão, e esta crônica. Ficou evidente que, mesmo tendo ferramentas e linguagem para uma comunicação eficiente, estamos sujeitos a encarar um “boi na linha”.
Há um conceito muito repetido quando se fala sobre comunicação: “Comunicação não é o que você fala, mas o que o outro entende”. Renata achou que foi clara, e eu estava certa que havia entendido. A explicação da rota foi simples. Não teve erro. O ruído na nossa comunicação se deu na descrição do local. Em nenhum momento ela mencionou barracas; essa foi uma dedução a que minha amiga e eu chegamos. Quem disse que toda feira tem barracas?! Todos nós partimos de nossos referenciais. O que Renata queria dizer é que a sala onde estava instalada a feira não tinha identificação. Talvez se tivesse falado que ficava em uma galeria teria sido o suficiente. Ela, no entanto, deu alguns detalhes na intenção de facilitar a identificação, com base em sua experiência quando esteve a primeira vez no local.
Não estamos livres de nos depararmos com “bois na linha” - são até muito comuns ruídos na comunicação - mas podemos fazer das situações que passamos uma “lousa”. A lição que ficou desse episódio foi que a objetividade e a prática de fazer perguntas, investigar são ótimos recursos para uma comunicação eficaz.
Ah! Em um caso como esse, ter um GPS e o celular carregado à mão também ajuda.
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Dando jeito no jeitinho
Por Vanessa Sene Cardoso
Depois de 14 horas de viagem, finalmente, pisamos em solo brasileiro. Que sensação boa voltar para casa, para nosso país, nossa cultura, nossa língua, ainda mais depois de vinte e um dias em solo estrangeiro. Mas chegando no aeroporto fomos recebidos com um balde de água fria da realidade brasileira. Confesso que por um momento – muito rápido, mesmo - senti vontade de pegar as malas e voltar para a nação de onde acabava de chegar. Talvez você esteja se perguntando: o que aconteceu de tão grave? Vamos lá!
VOU DESCOBRIR QUEM É ESSA AMIGA.... HAHAHAH... AMO LER SEUS TEXTOS...
ResponderExcluirObrigada.
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