domingo, 31 de dezembro de 2017

Perspectiva



Por Vanessa Sene Cardoso

“Tem gente que corre, e tem gente que ri de quem corre”. Esta frase foi dita pelo juiz federal e escritor William Douglas ao compartilhar, recentemente, em uma palestra, sua experiência ao participar de uma maratona, no Rio de Janeiro. Foi o 219º colocado entre 221 participantes e como ele mesmo disse, além de ultrapassar duas pessoas, venceu a si mesmo, uma vez que era seu desejo correr a maratona, tendo como maiores obstáculos o sedentarismo, o sobrepeso, a hipertensão. Durante o percurso, uma mulher de cerca de 70 anos, emparelhou com William e lhe disse: “Cuidado com o que você ouve”. E, em rápidas palavras, contou – antes de deixá-lo para trás - que foi chamada de “velha maluca”. Embora ele tenha ouvido, ao longo do trajeto, das pessoas que acompanhavam a prova, palavras de deboche e desencorajamento, como “lesma, tartaruga”, não se deixou desanimar. Venceu!

Histórias como essa são comuns em livros de autoajuda e palestras motivacionais. Mas deixando o clichê e os preconceitos de lado, precisamos de motivação em nossa vida, pois ela é um combustível para mudanças.

A motivação extrínseca - que vem das pessoas próximas ou das circunstância - é muito importante para nos impulsionar a sair da zona de conforto; mas ela, por si só, não tem um efeito duradouro, pois quando perdemos o incentivo dos amigos ou de outros fatores externos corremos o risco de estacionar ou voltar à estaca zero. Quando a motivação é intrínseca, ou seja, de dentro para fora, tende a produzir melhores resultados. Mas mesmo nesse caso estamos sujeitos a oscilações em nossas emoções, o que pode nos levar ao desânimo.

Como a motivação opera em nós impulsionando para a mudança? Não tenho uma resposta com base em pesquisas ou estudos científicos, e minha intenção com este artigo não é essa. Quero apenas compartilhar e promover a reflexão, a partir do que tenho experimentado em minha vida. Penso que o ponto de partida é conhecer a si mesmo, saber os pontos fortes e fracos, como funciono nas “engrenagens” da vida: trabalho, família, relacionamentos e outras. Minhas ações e reações diante das circunstâncias revelam muito a meu respeito. E aqui quero ressaltar que os verdadeiros amigos (e até os inimigos) podem nos ajudar a enxergar coisas a nosso respeito. Mas atenção! A percepção dos outros, e a nossa própria percepção devem ser levadas em conta no processo de mudança; mas vale ressaltar que ambas são apenas percepções, versões. Então, quem eu realmente sou? Saber a resposta a essa pergunta é fundamental, é o começo de tudo, é determinante para as mudanças que tanto almejamos.

Sou cristã e creio que ao receber Jesus tenho uma nova natureza. Essa é minha identidade. O Espírito Santo é quem produz a motivação interior para as mudanças. A videira produz uva. Simples assim. Muitas vezes damos mais importância para as versões de nós mesmos do que para quem somos de fato. Talvez as mudanças que tanto desejamos tenham outro nome: maturidade. Só amadurecemos se sabemos quem somos. No fundo é isso que queremos. Nosso relacionamento com Deus, em primeiro lugar; com nós mesmos; e com os outros nos levam ao amadurecimento.

Saber quem eu sou gera segurança e convicção de que existe um propósito de vida, e o resultado desse entendimento são as mudanças para melhor, o amadurecimento. Caminhando com Jesus é impossível permanecer na zona de conforto, porque ele sempre tem lições novas para nos ensinar, é uma fonte inesgotável de vida, conhecimento e sabedoria. O fato de perceber que preciso crescer já é um avanço, mesmo que, num primeiro momento, eu não consiga sair do lugar. A posição que assumo diante dessa condição também é fundamental: crescer ou permanecer na atual estatura. Ninguém pode tomar essa decisão por mim.

O Espírito Santo habita em você? É ele quem nos ensina e nos capacita em todas as coisas (João 14.26). Por isso, anime-se! Pois eu estou certo de que Deus, que começou esse bom trabalho na vida de vocês, vai continuá-lo até que ele esteja completo no Dia de Cristo Jesus (Filipenses 1.6 – NTLH). Eis a promessa!

Feliz 2018! Que nesse novo ano aproveitemos as oportunidades para crescer, e desfrutar de uma vida abundante, em Cristo Jesus.

Eis que faço novas todas as coisas (Apocalipse 21.5).


*Dei aos desenhos que ilustram esse artigo o título de “Meu retrato: dois pontos de vista”. As autoras são minhas sobrinhas. Elas me desenharam espontaneamente e em momentos diferentes. Presentes significativos para mim!


Para ouvir a palestra do juiz federal William Douglas, acesse aqui