sábado, 31 de dezembro de 2016

O que você espera?




Por Vanessa Sene Cardoso

Nos últimos dias tenho lido várias mensagens desejando saúde, paz, alegria, sucesso, prosperidade, realizações no ano novo. Uma amiga recomenda substituir as promessas pela pressa em ser feliz. Outro afirma que não adianta apenas ter tudo novo, sem um coração novo. Um amigo decidiu não mais se “(es)forçar a participar ou promover grandes celebrações, mas comemorar as pequenas vitórias do dia a dia”. Há quem não dê a menor bola para a “virada do ano”, afinal é uma data como outra qualquer, ou seja, é só virar a folhinha do calendário; e, por falar nisso, é bom não esquecer de trocar o calendário também.

As mensagens são bonitas. Embora se repitam a cada ano, são válidas, e acharíamos estranho se não fossem enviadas, compartilhadas. Afinal, culturalmente ou tradicionalmente, mesmo que muitos insistam em ignorar, a virada do ano é um marco, não pela data em si, 1 de janeiro, poderia ser 4 de maio, 7 de julho, 13 de outubro... Precisamos desse marco simbólico, nem que seja para jogar o calendário antigo fora, desfrutar uma semana de férias coletivas no trabalho, substituir a agenda. Dê a si mesmo uma oportunidade de pensar em coisas novas, fazer planos, nem que seja arrumar aquela gaveta que, há séculos, permanece intacta. A sensação é tão boa! Se você não é idealista, seja realista, mas não se deixe vencer pelo pessimismo (se bem que o pessimismo crê na mudança, mesmo que para pior, uma pena!), menos ainda pela indiferença, esta sim uma inimiga a ser vencida. Que tal colocar como meta vencer a indiferença? Se esse não é o seu caso, faça planos! Mesmo que, ao final do próximo ano, eles não tenham sido executados. Não importa! Insista! Ou, então, mude!

Quero dizer ainda, que concordo com o meu amigo que mencionei acima, prefiro comemorar todos os dias as vitórias alcançadas; as tristezas... também prefiro sofrê-las no momento, para não acumular. Tenho procurado aplicar em minha vida a recomendação do meu grande amigo Jesus: “Não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mateus 6.34). Confesso que não é fácil!

Não deixe que a preocupação com o amanhã faça parte dos seus planos para o futuro. Permita que sua alma descanse em Deus que é o Criador e dono do tempo. Ele está no controle de tudo e seus planos são perfeitos. Se você está em dúvida quanto ao que esperar ou planejar para os dias que virão, peça direção ao Espírito Santo.

Eu não pretendia escrever nada neste último dia do ano, mas quem nunca se “rendeu” a um clichê?!

Feliz 2017!

“Agora vou fazer uma coisa nova, que logo vai acontecer, e, de repente, vocês a verão...” (Isaías 43.19 - NTLH).

sábado, 12 de novembro de 2016

Nada de esteira rolante



Por Vanessa Sene Cardoso

Quando você se depara com uma situação que lhe causa medo, como reage? É comum pedirmos para Deus tirar o nosso temor, e ele pode e faz isso, muitas vezes, instantaneamente. Penso que existe uma forma mais difícil, porém educativa, de lidar com essa condição da alma: enfrentar o que nos provoca medo. Quando nos dispomos a isso, logo ele desaparece. Esse, no entanto, é o X da questão. Enfrentar é como atravessar a porta sem saber o que tem do lado de dentro, (pior é o que imaginamos ter do lado de dentro, que nem sempre corresponde à realidade). Procurando o fio da meada encontramos o que precede o ato de enfrentar: a decisão de enfrentar. Não me refiro aqui a situações externas em que o medo funciona como um mecanismo de defesa ou proteção, como num assalto a mão armada, por exemplo.

Situações difíceis pelas quais já passamos e que nos causaram sofrimento; enfermidades; violência; perdas... Poderíamos enumerar vários fatores desencadeadores do medo. Entre tantos motivos, gostaria de destacar um que, se analisarmos bem, vamos perceber que pode ser a raiz de muitos outros: o desconhecido. Temos as nossas zonas de conforto. Pare e pense em uma delas. Vamos exercitar a imaginação:

Suponhamos que o que lhe causa medo seja mudar de emprego, algo que aguardou por tanto tempo. Finalmente a oportunidade aparece e você toma a decisão de enfrentar o desafio. A proposta de trabalho é boa, mas você não domina o serviço. No começo tudo é novo, os colegas lhe tratam com atenção, auxiliando em suas tarefas, o chefe pega leve nas cobranças e por aí afora. Mas depois de um tempo a “lua de mel” termina, tudo cai na rotina. E você se depara com as dificuldades: sente-se inseguro por não dominar as tarefas, tem que lidar com seus erros, começa a conhecer melhor os colegas, aparecem os primeiros sinais de conflitos. Um pensamento pode rondar a sua mente: “Demorei tanto para tomar coragem e mudar de emprego; deixei a minha zona de conforto, dei o primeiro passo, mas as coisas não fluíram como eu imaginava. Acho que tomei a decisão errada. Fui precipitado!”

Sair de uma condição confortável não é nada fácil. Damos um passo para fora da zona de conforto, e, muitas vezes, esperamos encontrar uma esteira rolante - afinal o mais difícil já foi feito - mas nos deparamos com uma escada. O fato é que subimos um degrau de cada vez, por isso é preciso paciência; a subida requer um pouco de esforço, o que, às vezes, provoca dor, por isso é preciso perseverança e foco; nem sempre enxergamos o que há lá em cima, por isso é preciso confiança; ao chegarmos ao topo, encontramos um degrau mais largo, uma espécie de “platô” (Ufa! Tempo de descanso!), mas descobrimos que logo vem outro lance de escada.

Podemos comparar essa escada ao crescimento. Deus quer que seus filhos amadureçam emocionalmente, nos relacionamentos, em todas as áreas da vida. Enfrentar os medos faz parte da nossa jornada rumo à maturidade. Como é bom saber que, em Cristo, temos capacidade para encarar toda e qualquer circunstância. O medo pode desaparecer de imediato, ou quando enfrentamos as situações, não importa a forma, e sim o propósito do nosso Pai.

Se você está passando por uma situação que lhe causa medo (ou não), agarre-se nesta verdade: No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo (1 João 4.18).

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

O algoz




Por Vanessa Sene Cardoso

Convido você a acompanhar a rotina de uma personagem fictícia, cujo nome é Horah. Tome fôlego e vamos lá!

Horah levanta às 6h30, vai para a cozinha preparar o café da manhã para o marido e os filhos. Enquanto a água ferve, acorda as crianças – elas vão despertando a “prestação” – o marido já está no banheiro se aprontando para o trabalho. Enquanto pai e filhos tomam café, é a vez de Horah se arrumar. Tudo pronto! O marido deixa as crianças na escola, e Horah, no serviço. Ela sai às 12h, pega o ônibus 12h05, vai para a escola buscar as crianças, segue para casa pra preparar o almoço. O marido chega às 13h, são apenas 20 minutos para a refeição, antes das duas da tarde Horah tem que deixar o marido no trabalho para ficar com o carro e dar andamento nas atividades e na rotina dos filhos: natação, futebol, inglês... Volta para casa quase cinco da tarde. Antes de buscar o marido no trabalho, passa no mercado, na padaria, e já está pensando no que vai fazer para o jantar e nas tarefas domésticas que a esperam no terceiro turno. Enquanto o marido ajuda com o jantar e acompanha as crianças nas tarefas da escola, Horah recolhe a roupa, coloca outras na máquina e olha para a pilha perto da tábua e do ferro de passar: – “Hoje não”! O telefone toca, Horah atende:

– Alô!
– Oi Horah, quem fala é a Prudência Remilda. Tudo bem?
– Oi amiga, quanto tempo?!
– Pois é, o tempo...
– Gostaria de marcar um horário para tomarmos um café e colocar o papo em dia. Quando você pode?
– Hum... Gostaria muito, mas estou na correria, acho que essa semana não vai dar. Uma pena! Vou me programar – Horah estava conversando com a Prudência, mas o pensamento estava na lista de coisas por fazer.
–Tudo bem. A gente se fala depois, então. Até mais!
–Tchau.

Depois de fazer tudo que estava programado - inclusive oração e leitura bíblica em família - e colocar as crianças para dormir, Horah e o marido sentam um pouco na frente da televisão e Z Z zzzz... Vencidos pelo cansaço! Ufa! Agora é só aguardar o despertador anunciando o começo de um novo dia.

Você se identificou com Horah? Talvez a sua realidade e rotina sejam bem diferentes, mas uma coisa é certa, todos estamos sob a opressão de um mesmo algoz: o tempo (pelo menos é o que pensamos!). Que tal dar uma pausa na leitura desse artigo para refletir e, quem sabe, descrever a sua rotina? Desafio você a pegar caneta e papel ou digitar tudo o que faz no dia, na semana. Como tem utilizado o tempo? Talvez você descubra que o seu algoz é outro.

Urgências, emergências, intercorrências, interrupções, falta de limites, excesso de ócio são alguns dos usurpadores do tempo. Por mais que se faça um planejamento, ninguém está livre deles. Mas não precisamos nos deixar dominar por esses intrusos.

Na era da tecnologia, da comunicação virtual em tempo real somos bombardeados pelo excesso de informações, o que, muitas vezes, prejudica a comunicação, provocando ruídos. Minha intenção não é transformar a tecnologia, as redes sociais em vilãs. Elas podem poupar nosso tempo ou roubá-lo. Depende de nós.

Você já deve ter ouvido a frase: “Se tiver que dar uma tarefa para alguém, procure uma pessoa que tenha muita coisa para fazer”. Pois quem tem “tempo de sobra” pode acabar caindo na tentação da procrastinação. O excesso de ocupação e a falta do que fazer não refletem o equilíbrio. Talvez você esteja pensando: “ela fala isso porque não conhece a minha rotina”.

Pode soar como um clichê, mas o fato é que o tempo é o mesmo para todos. A vida moderna é cheia de desafios, mas podemos recorrer ao Espírito Santo que nos ensina todas as coisas e ele pode nos ajudar a administrar o uso do tempo. Quais são as prioridades? Elas podem variar conforme o momento da sua vida. Abrir mão de alguma coisa agora, não significa fazer isso para sempre. Planejar é importante. Se a tomada de decisão for difícil, busque ajuda. Onde não há conselho fracassam os projetos, mas com os muitos conselheiros há bom êxito (Provérbios 15.22). Você que é filho de Deus recorra a ele.

Deus orienta os seus filhos por meio do apóstolo Paulo: Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor” (Efésios 5.15-17).

Quem é o seu algoz? Você consegue identificá-lo? Se pensar bem e for honesto consigo mesmo vai perceber que não é o tempo. Liberte-se!






quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O dia a dia rende boas histórias...


        

Por Vanessa Sene Cardoso

Você acha o seu dia a dia monótono, sem graça? Se observá-lo de outra perspectiva, com uma lente de humor ou ironia, descobrirá que algumas interferências não previstas na rotina podem render boas histórias e diversão. Aliás, rir de si mesmo é uma boa prática.

Quero compartilhar uma história que não é minha, mas acompanhei de perto. A semana, aparentemente, desastrosa de uma amiga serviu de matéria-prima para essa crônica.


Sábado de manhã

– Vamos logo, filho. Temos que colocar a chuteira. Ah! Aqui o seu chocolate com leite e o pão. Está na hora.

Rafael tinha um compromisso muito importante, um jogo amistoso de futebol. Estava empolgadíssimo e preparado para a vitória.

Da arquibancada vinha a torcida dos pais e da irmã. Vai, Rafael!

Apesar do incentivo, o placar foi implacável: 1 x 0, 2 x 0, 3 x 0 ... 6 x 0. Mas a mãe não desistiu. Inspirada nas Olimpíadas - quando os brasileiros abraçaram os azarões dos Jogos - da arquibancada bradava: “Eu acredito, eu acredito...” Mas o empenho não inverteu o marcador. Resultado: frustração.
           
– “Não é justo, mãe. O time deles é mais velho. Os meninos tem 7 e 8 anos. Eu tenho 6” – lamentava Rafael, inconformado.
– “Filho, foi apenas um amistoso”. Assim a mãe tentava consolar o garoto, sem muito sucesso.
           
Minha amiga prosseguiu na sua jornada... Tudo vai dar certo.


Sábado à noite

Agora é a vez do maridão que foi participar de uma corrida. Todo paramentado seguiu para o local da prova. Ela e as crianças chegaram cedo para garantir um lugar perto da pista. E lá estavam grudados na grade, prontos para acompanhar cada detalhe. De repente vem alguém abrindo caminho, empurrando, pedindo passagem. Era um idoso com pinta de atleta, e a jovem namorada. Ah! Outro protagonista da cena foi o celular. Foto daqui, pose dali, selinho pra selfie...

– “Não acredito no que estou vendo!” - minha amiga nem arriscou transformar o pensamento em palavras.

O homem foi passando por todo mundo. Um verdadeiro arrastão, guardadas as devidas proporções. Seu alvo era pular a grade de proteção. Mas na escalada se deparou com um obstáculo, a mão do pequeno Rafael, que segurava com entusiasmo a grade na expectativa de ver o pai passar na pista de corrida. Lá se foi o homem... Mas sua garota ficou na torcida.

– “Moça, fala para seu namorado que é muito feio o que ele fez. Ele pisou em uma criança e nem se deu conta disso” – desabafou minha amiga. Rafael observava o diálogo com os olhos marejados por causa da dor.

O evento esportivo transcorreu dentro da normalidade. Quando já estavam indo embora, perceberam um tumulto. Um integrante do clube de corrida havia passado mal.

– “Mãe, é o homem que pisou na mão do Rafael” – afirmou Belinha – Deus me falou que é ele. Mas como não dava para ver, a mãe desconsiderou.

Mais tarde...

A vizinha da minha amiga, que também estava com a família na corrida, disse:

– “Menina, você não sabe da maior! Presenciamos uma morte depois que vocês foram embora. O homem que sentiu-se mal foi aquele que passou por nós para pular a grade de proteção”.

– “Eu não falei, mãe?!” – lembrou Belinha.

Minha amiga nem podia imaginar que o sábado começaria com um placar desfavorável e terminaria em morte.


Domingo de manhã

Dia de plantão no trabalho. Tendo que atender, simultaneamente, três cursos minha amiga se vê em apuros. Enquanto dava assistência em uma das salas de aula, as outras ainda aguardavam a instalação dos equipamentos. Enfim, para uma pessoa que preza pela organização e o bom atendimento, foi uma provação se deparar com as coisas fora do planejado.

O sangue italiano não respeitou “as leis de tráfego das veias”, tal a velocidade com que ele transitou em poucos segundos da cabeça aos pés, mas minha amiga se conteve. Que orgulho! Na porta da sala onde seria realizado o curso com maior público, enquanto recebia os participantes, observava: pessoas e fichas protocolares se misturavam. Já não dava para saber quem era quem. Burocracia x Acolhimento.

– “Qual a saída?” – foi a pergunta que dominou a mente de minha amiga, enquanto analisava a situação.

Aguarde. As coisas podem e vão melhorar! Tenha fé!


Segunda-feira de manhã no trabalho

– “...E assim foi meu fim de semana, meninas” – concluiu a exaustiva narrativa.

Assim como a ficção prepara surpresas para o leitor, a vida real também reserva o inesperado. A saga da minha amiga estava longe do fim.

Depois de vários dias tentando adquirir convite para um café da manhã com a participação de conceituado palestrante, já estava quase desistindo, pois foram muitos os desencontros, finalmente, obteve sucesso na empreitada. Parece simples, mas fui testemunha de quantas vezes ela tentou combinar com o organizador uma forma de pegar os convites. Nunca dava certo! Quase ficou sem o seu exemplar. Ufa! (Depois ela iria descobrir que poderia ter participado apenas da palestra e, ainda por cima, gratuitamente).

Tem comunicado que a gente recebe e não sabe do que se trata, principalmente, se somos organizados com nossa vida civil, financeira e por aí vai.

– “Como bloquearam a sua conta?” – questionou minha amiga sem entender o que o marido acabara de contar. “Pode ser o IPTU da minha mãe que está atrasado. Vou à prefeitura verificar” – concluiu.

Lá foi minha amiga tentar descobrir o que estava acontecendo. Depois de muita conversa, e da sorte de ter sido atendida por um servidor público que estava ali para “servir o público”mesmo, conseguiu descobrir a natureza daquela cobrança. Precisou consultar advogado para resolver uma pendência que nem era pendência de verdade. Como é duro pagar o que não se deve! Mas no fim tudo dá certo, se não deu certo é porque não chegou o fim.


Terça-feira
           
Uma trégua!!!!

     
Quarta-feira à tarde
           
Tudo combinado para a festa surpresa de uma amiga do trabalho.

– “Eu vou pegar o salgado e deixar aí por volta de 14h, corro para a prefeitura, e 16h volto para a festa, combinado?” – programou minha amiga.

É, a vida é uma caixinha de surpresas.

Em frente ao computador tentava se concentrar nos documentos que precisava imprimir. A filha pedindo ajuda para enviar uma mensagem no celular, o filho em volta distraindo a atenção.

Eis que surge a funcionária da casa anunciando o aparecimento de uma visita inesperada.

– “Para tudo. O que?! Um raaaaato?!”

Não sabendo o que fazer minha amiga pediu socorro ao marido. Sem se levantar do sofá, afinal eram os últimos capítulos do impeachment da presidente, disse para ela recorrer ao porteiro. Mas o funcionário não podia deixar o posto. Primeira alternativa: sem sucesso.

As crianças não descuidavam um minuto do intruso que andava com toda desenvoltura pelo quintal.

– “Já sei, vou chamar alguém para dedetizar ” – foi a segunda alternativa da minha amiga para resolver a situação. Quando descobriu o preço do serviço, desistiu.

A caçada continuava. E o rato sentindo-se o dono do pedaço... E sobe nas bicicletas, sobe no carro... Até que, com a ajuda de um vizinho, conseguiram encurralar o roedor e servir veneno para ele. Por hora o problema estava resolvido.

Mas a funcionária da minha amiga levantou uma lebre, que neste caso, era força de expressão, e não mais um visitante indesejado.

– “É melhor verificar o carro, pois uma vez entrou um rato em casa e roeu o fio da minha máquina de costura” – alertou a funcionária.

O marido da minha amiga desconsiderou essa possibilidade, até que precisou sair e quando virou a chave na ignição: “pif”. Nem sinal de partida. Mais um transtorno. Toca chamar a assistência. Pura coincidência. O problema nada tinha a ver com a excursão do rato pelo interior do carro.

Quinta-feira: Ressaca da semana. Sexta-feira: Ufa! Que maratona de emoções! Esperança de dias melhores...

...Com certeza eles virão... As circunstâncias, muitas vezes, são adversas, mas deixar-se guiar por elas ou não, é uma decisão. Você não tem controle, na maioria das vezes, e, muito provavelmente, não poderá mudá-las. A sua atitude diante delas, no entanto, pode fazer toda a diferença.

Um brinde a você, minha Amiga, com limão, gelo e o que mais a sua imaginação quiser acrescentar.

*Nomes substituídos

sábado, 2 de julho de 2016

Falando comigo




Por Vanessa Sene Cardoso

“Relacionamento não é fácil ainda mais quando envolve outra pessoa”. Soltei essa frase numa conversa descontraída com uma amiga certa vez. Rimos muito!! A princípio era uma frase sem sentido, uma brincadeira, afinal até soa meio redundante. Mas confesso que depois fiquei refletindo no que isso significa. E não é que encontrei um sentido!

A pessoa mais próxima de nós, somos nós mesmos. Não posso ir a lugar nenhum sem a minha companhia. Estou comigo em todos os momentos: alegres, tristes... Você já parou para conversar e, principalmente, para ouvir a si mesmo? Parece estranho, mas não é. Há pessoas que não conseguem ficar sozinhas. Quando se encontram sós não têm assunto com a pessoa mais próxima: ela mesma. Entram em pânico com medo da solidão. O fato de não nos conhecermos, ou não termos um bom relacionamento com nós mesmos, muitas vezes, reflete no relacionamento com os outros.

Pai, Filho e Espírito Santo são uma pessoa e se relacionam entre si. É um mistério! Em Gênesis 1.26 lemos: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. Vamos seguir o exemplo de nosso Pai! Jesus também nos deixou dois mandamentos: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: ame os outros como você ama a você mesmo” (Mateus 22.37-39). Sempre destacamos o amor a Deus e ao próximo e nos esquecemos de amar a nós mesmos. Não se trata de egocentrismo e, sim, de estar contente e confortável em ser quem você é: filho de Deus.

O Espírito Santo nos ensina todas as coisas, ele pode nos ensinar a ter momentos de solitude e nos relacionarmos conosco de forma saudável. É bom que fique claro que não estou falando de individualismo, isolamento nem de solidão. Quando nos damos bem com nós mesmos temos relacionamentos melhores com os outros.


domingo, 24 de abril de 2016

Quem somos



Por Vanessa Sene Cardoso

O ser humano é uma das obras mais fantásticas da criação. Basta observar a harmonia que existe na sua constituição fisiológica, órgãos, membros, tudo funciona perfeitamente, como uma engrenagem. E o que dizer do cérebro, do intelecto, da capacidade de criação, de compreensão, motricidade, de sentir, interagir, interferir e influenciar o meio?! Destaque também para a capacidade de relacionamento. Mas apesar de tudo isso, não passa de um simples ser humano limitado. Não tem poder para controlar - embora alimente essa ilusão - principalmente o tempo: passado, presente e futuro; nem as circunstâncias. Ah! Mas ele pensa que pode!

O ser humano com toda sua capacidade e competência, não consegue acrescentar um dia ao curso de sua vida, não sabe quantos fios de cabelo há na sua cabeça. Parece simples, não é? Para quem já chegou aonde chegou: na lua, descoberta do código genético, clonagem de animais, avanços tecnológicos em diversas áreas, etc. Apesar de tudo, permanece um “incômodo inconformismo”. É que o brilhante ser humano quer ocupar um lugar que não é dele, e sim, de Deus. Afinal, com todo esse currículo, ele bem que parece, mas não é.

Quando assimilamos isso, eliminamos um fardo das nossas costas. Podemos usufruir de todo o talento, capacidade, habilidade, sem necessidade de estar no controle, afinal, o Autor e Criador sabe, melhor do que ninguém, cuidar da sua criação.

Parecemos tanto com o nosso Criador que nos confundimos com ele. Imagine a seguinte cena: quando olhamos para a tampa de metal de uma lata de achocolatado em pó vemos o nosso rosto, mas não nitidamente, certo? Mas sabemos que se trata do reflexo de nossa imagem um tanto distorcida. Deus nos criou (a raça humana) à sua imagem e semelhança (Gênesis 1.27), mas à medida que o ser humano se afastou dele, perdeu o referencial, e sua imagem perdeu a nitidez. Longe de Deus não sabemos quem somos, ou melhor, não somos. Sem Deus estamos mortos espiritualmente (Efésios 2.1-10). Basta olharmos ao nosso redor - ou para nós mesmos - e perceber quanta gente em crise existencial, crise de identidade. Muitos buscam respostas na religião, nos vícios, na idolatria, nas boas obras, nos relacionamentos e até mesmo em servir a Deus... Queremos algo ou alguém que supra esse vazio existencial, alguém que seja alvo da nossa entrega, fé e devoção. O fato é que nos tornamos semelhantes ao objeto da nossa adoração.

Voltando um pouco ao Jardim do Éden (Gênesis 3), quando o homem não acreditou que era perfeito, completo e tinha tudo que precisava, deixou-se enganar pela serpente e comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Naquele momento ele morreu espiritualmente, foi separado de Deus. O pecado distorceu, não só sua imagem, mas desfigurou sua alma e o seu corpo.

Como recuperar quem sou, minha essência original? Nascendo de novo, essa foi a resposta de Jesus (João 3.1-8). Quando recebemos a vida gerada pelo Espírito Santo, nos tornamos filhos de Deus e voltamos a ser quem ele planejou que fôssemos. Recebemos o seu DNA. A partir daí começa uma jornada de crescimento. À medida que nos tornamos mais íntimos do Pai, experimentamos o amadurecimento, ao mesmo tempo, a maturidade nos permite usufruir de um relacionamento mais profundo com Deus. Nesse relacionamento vamos conhecendo melhor o nosso Pai, passamos a nos enxergar com mais nitidez, nos sentimos mais confortáveis em ser quem somos, e descobrimos a razão e o propósito da nossa existência.

É isso que você está buscando? Jesus fez tudo por você. Receba a vida dele!

Portanto, todos nós, com o rosto descoberto, refletimos a glória que vem do Senhor. Essa glória vai ficando cada vez mais brilhante e vai nos tornando cada vez mais parecidos com o Senhor, que é o Espírito (2 Coríntios 3.18 – NTLH).

terça-feira, 5 de abril de 2016

Você sabe o que quer?




Por Vanessa Sene Cardoso

“Ele é cheio de querer”. Essa expressão lhe é familiar? Se puxarmos pela memória vamos perceber que, desde a infância, somos cheios de “querer”. A criança, normalmente, quer a atenção da mãe. Na adolescência é normal querer fazer parte da turma. Na fase adulta o nosso querer, em algum momento, vai ficando mais subjetivo. A nossa motivação para querer algo pode ser necessidade, carência ou, simplesmente, o desejo natural do ser humano por uma conquista na área material, intelectual, emocional, afetiva, espiritual... Enfim, querer faz parte da vida.

“Que queres que eu te faça?” Essa pergunta feita por Jesus ao cego de Jericó me deixava intrigada. Incentivo você a ler o texto completo em Marcos 10.46-52. Vamos à história! Quando Jesus saía da cidade, juntamente com seus discípulos e uma grande multidão, encontrou pelo caminho, Bartimeu, que era cego de nascença. Ele já tinha ouvido falar de Jesus e seus milagres. Quando percebeu quem estava cruzando o seu caminho, não hesitou:

                ─── Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!

Mesmo sendo repreendido pelas pessoas, insistiu:

                ─── Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!

Jesus ouviu Bartimeu, parou e mandou chamá-lo. Ele, mais que depressa, foi até Jesus.
               
              ─── O que você quer que eu lhe faça? – perguntou Jesus.

Vamos dar uma pausa na história para uma reflexão. O que uma pessoa cega, diante de alguém capaz de curá-la poderia querer? Não parece óbvio?! Confesso que durante muito tempo não entendia porque Jesus fez essa pergunta.

Bartimeu era cego desde que nasceu, sua vida estava adaptada a essa realidade, ele dependia, em parte, de outras pessoas. O que aconteceria se ele voltasse a ver? Sua vida mudaria radicalmente. Imagine: passando a enxergar, teria acesso a um mundo diferente do que estava acostumado exercitando os outros sentidos. Toda mudança gera insegurança e estresse, mesmo que seja para melhor. Ele teria mais autonomia para ir e vir, sem depender de outros. Deixaria de ser vítima, em função de sua deficiência. Quem sabe perderia a atenção de algumas pessoas, já que não seria mais alvo de piedade. Será que quando queremos algo temos consciência das implicações em nosso estilo de vida?

Essas são apenas algumas considerações sobre as mudanças que a cura da cegueira iriam produzir na vida de Bartimeu. Às vezes queremos algo, mas não estamos preparados ou não temos consciência do que acontecerá se Deus atender nosso pedido. Vamos voltar à história! Bartimeu respondeu a Jesus:

─── Mestre, que eu torne a ver.

Jesus lhe disse:

─── Vai, a tua fé te salvou.

E imediatamente tornou a ver e seguia Jesus.

Provavelmente, a pergunta do Mestre fez com que o cego refletisse sobre o que, realmente, desejava. Ele queria ver, mas tomou a decisão mais importante de sua vida: seguir Jesus. Jesus sabe o que é melhor para nós. Ele quer fazer parte da nossa vida e, não apenas, dar o que queremos. Afinal o que representa uma cura ou qualquer outra bênção diante da vida eterna com Deus?

Somente Cristo em nós pode produzir uma transformação de dentro para fora. Ele pode abrir os nossos olhos físicos, sim, mas também abrir os olhos da fé para que possamos enxergar a realidade espiritual. Isso faz toda a diferença!
               
               
Você sabe o que quer?

domingo, 13 de março de 2016

PREMEBAIN: 40 anos depois...






Por Vanessa Sene Cardoso

Dos meus 2 anos aos 5 frequentei os cultos em que o PREMEBAIN cantava. A imagem em minha mente é meio estática, alguns rostos me são familiares, outros não, mas a alegria daqueles jovens e as músicas que eles cantavam, essas, sim, são muito vívidas. Lembro-me como se fosse hoje: “Então se verá o Filho do homem vindo sobre as nuvens com poder e glória”. “Satisfação é ter a Cristo; não há melhor prazer já visto; sou de Jesus e agora eu sinto satisfação sem fim...” “Ele é realidade, ele é realidade... Jesus é real”.  No sábado, 12 de março de 2016, tive uma experiência em que foram reavivadas essas lembranças da minha primeira infância. E, embora naquela época não tivesse entendimento, isso ficou marcado na minha memória. E por falar em memória, vamos lá! Para quem não é dessa época ou não sabe do que estou falando, vou compartilhar um pouco dessa história.

Cornélio Procópio, Paraná, junho de 1973

O Conselho de Pastores de Cornélio Procópio convidou os jovens das igrejas evangélicas para ajudar na organização de um evento na cidade. Atenderam ao chamado membros das igrejas Presbiteriana do Brasil, Metodista, Batista e Presbiteriana Independente. Desse encontro veio a ideia de montar um grupo interdenominacional que teria como objetivo falar do amor de Deus. Foi aí que surgiu o PREMEBAIN, nome composto pelas iniciais das quatro igrejas.

Era uma época muito conturbada, anos 70, quando a juventude vivia um liberalismo desenfreado; apologia às drogas; “sexo livre, amizade colorida”; uma revolução nos valores e comportamento. Foi nesse período também que igrejas se dividiram por divergências doutrinárias. A criação do grupo teve um significado especial naquele momento.

Os jovens realizavam encontros, serenatas, reuniam-se na Praça Botafogo para orar todo fim de tarde, ao saírem do trabalho e antes de ir para a escola. Até para um festival artístico organizado pela prefeitura foram convidados e, para surpresa deles, levaram o troféu. Ah! Tinham uma coluna no jornal da cidade.

O que mais marcou aquela geração de jovens foi a experiência de compartilhar a vida e a esperança que eles tinham em Cristo. A família cristã ganhou novos membros e aquela turma participou do mover do Espírito Santo.

O PREMEBAIN encerrou as atividades em 1976, pois os integrantes entenderam que, como grupo, tinham cumprido sua missão. Há um tempo para todo propósito debaixo do céu (Eclesiastes 3.1). Cada um seguiu seu caminho sendo discípulo e fazendo discípulos de Cristo, onde foi colocado pelo Senhor.

Cornélio Procópio, Paraná, março de 2016

Depois de 40 anos de encerradas as atividades, a turma do PREMEBAIN se encontrou novamente. Quantas histórias, mudanças, perdas, encontros, desencontros... Nem todos estavam presentes, mas em quem estava, apesar de algumas marcas do tempo, era visível a mesma alegria e satisfação de pertencer a Cristo. Eles cantaram e eu estava lá, como quando era criança; as músicas despertaram a minha memória; não foi só nostalgia, mas a memória que nos traz esperança: “Satisfação é ter a Cristo... Logo, em glória, eu hei de vê-lo...Satisfação sem fim”.

O bispo da Igreja Metodista, João Carlos Lopes, integrante do PREMEBAIN foi quem compartilhou a palavra no culto. E ele iniciou a mensagem lendo um texto bem apropriado ao momento: “Lembrem do passado, daquilo que aconteceu há muitos anos. Perguntem aos seus pais o que foi que aconteceu e peçam aos velhos que lhes contem o que se passou” (Deuteronômio 32.7 – NTLH). Ele destacou quatro características do PREMEBAIN que marcaram a existência do grupo: a unidade com propósito; o respeito às diferenças (cada denominação tem as suas peculiaridades, mas a fé em Cristo as suplanta); bom testemunho; reconhecimento do momento de parar. As atividades do grupo terminaram, mas o que os une permanece: a aliança em Cristo e a missão de fazer discípulos. Assim como Jesus encontrou os onze discípulos após a ressurreição, os encontros continuam de geração em geração até o encontro definitivo descrito em Apocalipse 7.9-10.

Gostaria de destacar os versículos 8 e 9 de Deuteronômio 32: “Quando o Altíssimo separou os povos e deu a cada povo as suas terras, ele marcou as fronteiras das nações... Mas escolheu Israel para ser o seu povo; os descendentes de Jacó pertencem ao Senhor” (NTLH). Jesus nos incluiu na aliança, o que nos permite fazer parte da sua família, do seu povo. E esse é o desejo de Jesus: uma grande família. Antes de morrer ele orou: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17.20-21).

Louvo a Deus por ter me dado o privilégio de ir conhecendo a Cristo desde a minha infância. Se você ainda não faz parte da família de Deus, não perca tempo! Nosso encontro face a face com Jesus se aproxima. Vai ser uma grande festa!!!


"Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele" (Provérbios 22.6).