domingo, 24 de abril de 2016

Quem somos



Por Vanessa Sene Cardoso

O ser humano é uma das obras mais fantásticas da criação. Basta observar a harmonia que existe na sua constituição fisiológica, órgãos, membros, tudo funciona perfeitamente, como uma engrenagem. E o que dizer do cérebro, do intelecto, da capacidade de criação, de compreensão, motricidade, de sentir, interagir, interferir e influenciar o meio?! Destaque também para a capacidade de relacionamento. Mas apesar de tudo isso, não passa de um simples ser humano limitado. Não tem poder para controlar - embora alimente essa ilusão - principalmente o tempo: passado, presente e futuro; nem as circunstâncias. Ah! Mas ele pensa que pode!

O ser humano com toda sua capacidade e competência, não consegue acrescentar um dia ao curso de sua vida, não sabe quantos fios de cabelo há na sua cabeça. Parece simples, não é? Para quem já chegou aonde chegou: na lua, descoberta do código genético, clonagem de animais, avanços tecnológicos em diversas áreas, etc. Apesar de tudo, permanece um “incômodo inconformismo”. É que o brilhante ser humano quer ocupar um lugar que não é dele, e sim, de Deus. Afinal, com todo esse currículo, ele bem que parece, mas não é.

Quando assimilamos isso, eliminamos um fardo das nossas costas. Podemos usufruir de todo o talento, capacidade, habilidade, sem necessidade de estar no controle, afinal, o Autor e Criador sabe, melhor do que ninguém, cuidar da sua criação.

Parecemos tanto com o nosso Criador que nos confundimos com ele. Imagine a seguinte cena: quando olhamos para a tampa de metal de uma lata de achocolatado em pó vemos o nosso rosto, mas não nitidamente, certo? Mas sabemos que se trata do reflexo de nossa imagem um tanto distorcida. Deus nos criou (a raça humana) à sua imagem e semelhança (Gênesis 1.27), mas à medida que o ser humano se afastou dele, perdeu o referencial, e sua imagem perdeu a nitidez. Longe de Deus não sabemos quem somos, ou melhor, não somos. Sem Deus estamos mortos espiritualmente (Efésios 2.1-10). Basta olharmos ao nosso redor - ou para nós mesmos - e perceber quanta gente em crise existencial, crise de identidade. Muitos buscam respostas na religião, nos vícios, na idolatria, nas boas obras, nos relacionamentos e até mesmo em servir a Deus... Queremos algo ou alguém que supra esse vazio existencial, alguém que seja alvo da nossa entrega, fé e devoção. O fato é que nos tornamos semelhantes ao objeto da nossa adoração.

Voltando um pouco ao Jardim do Éden (Gênesis 3), quando o homem não acreditou que era perfeito, completo e tinha tudo que precisava, deixou-se enganar pela serpente e comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Naquele momento ele morreu espiritualmente, foi separado de Deus. O pecado distorceu, não só sua imagem, mas desfigurou sua alma e o seu corpo.

Como recuperar quem sou, minha essência original? Nascendo de novo, essa foi a resposta de Jesus (João 3.1-8). Quando recebemos a vida gerada pelo Espírito Santo, nos tornamos filhos de Deus e voltamos a ser quem ele planejou que fôssemos. Recebemos o seu DNA. A partir daí começa uma jornada de crescimento. À medida que nos tornamos mais íntimos do Pai, experimentamos o amadurecimento, ao mesmo tempo, a maturidade nos permite usufruir de um relacionamento mais profundo com Deus. Nesse relacionamento vamos conhecendo melhor o nosso Pai, passamos a nos enxergar com mais nitidez, nos sentimos mais confortáveis em ser quem somos, e descobrimos a razão e o propósito da nossa existência.

É isso que você está buscando? Jesus fez tudo por você. Receba a vida dele!

Portanto, todos nós, com o rosto descoberto, refletimos a glória que vem do Senhor. Essa glória vai ficando cada vez mais brilhante e vai nos tornando cada vez mais parecidos com o Senhor, que é o Espírito (2 Coríntios 3.18 – NTLH).

terça-feira, 5 de abril de 2016

Você sabe o que quer?




Por Vanessa Sene Cardoso

“Ele é cheio de querer”. Essa expressão lhe é familiar? Se puxarmos pela memória vamos perceber que, desde a infância, somos cheios de “querer”. A criança, normalmente, quer a atenção da mãe. Na adolescência é normal querer fazer parte da turma. Na fase adulta o nosso querer, em algum momento, vai ficando mais subjetivo. A nossa motivação para querer algo pode ser necessidade, carência ou, simplesmente, o desejo natural do ser humano por uma conquista na área material, intelectual, emocional, afetiva, espiritual... Enfim, querer faz parte da vida.

“Que queres que eu te faça?” Essa pergunta feita por Jesus ao cego de Jericó me deixava intrigada. Incentivo você a ler o texto completo em Marcos 10.46-52. Vamos à história! Quando Jesus saía da cidade, juntamente com seus discípulos e uma grande multidão, encontrou pelo caminho, Bartimeu, que era cego de nascença. Ele já tinha ouvido falar de Jesus e seus milagres. Quando percebeu quem estava cruzando o seu caminho, não hesitou:

                ─── Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!

Mesmo sendo repreendido pelas pessoas, insistiu:

                ─── Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!

Jesus ouviu Bartimeu, parou e mandou chamá-lo. Ele, mais que depressa, foi até Jesus.
               
              ─── O que você quer que eu lhe faça? – perguntou Jesus.

Vamos dar uma pausa na história para uma reflexão. O que uma pessoa cega, diante de alguém capaz de curá-la poderia querer? Não parece óbvio?! Confesso que durante muito tempo não entendia porque Jesus fez essa pergunta.

Bartimeu era cego desde que nasceu, sua vida estava adaptada a essa realidade, ele dependia, em parte, de outras pessoas. O que aconteceria se ele voltasse a ver? Sua vida mudaria radicalmente. Imagine: passando a enxergar, teria acesso a um mundo diferente do que estava acostumado exercitando os outros sentidos. Toda mudança gera insegurança e estresse, mesmo que seja para melhor. Ele teria mais autonomia para ir e vir, sem depender de outros. Deixaria de ser vítima, em função de sua deficiência. Quem sabe perderia a atenção de algumas pessoas, já que não seria mais alvo de piedade. Será que quando queremos algo temos consciência das implicações em nosso estilo de vida?

Essas são apenas algumas considerações sobre as mudanças que a cura da cegueira iriam produzir na vida de Bartimeu. Às vezes queremos algo, mas não estamos preparados ou não temos consciência do que acontecerá se Deus atender nosso pedido. Vamos voltar à história! Bartimeu respondeu a Jesus:

─── Mestre, que eu torne a ver.

Jesus lhe disse:

─── Vai, a tua fé te salvou.

E imediatamente tornou a ver e seguia Jesus.

Provavelmente, a pergunta do Mestre fez com que o cego refletisse sobre o que, realmente, desejava. Ele queria ver, mas tomou a decisão mais importante de sua vida: seguir Jesus. Jesus sabe o que é melhor para nós. Ele quer fazer parte da nossa vida e, não apenas, dar o que queremos. Afinal o que representa uma cura ou qualquer outra bênção diante da vida eterna com Deus?

Somente Cristo em nós pode produzir uma transformação de dentro para fora. Ele pode abrir os nossos olhos físicos, sim, mas também abrir os olhos da fé para que possamos enxergar a realidade espiritual. Isso faz toda a diferença!
               
               
Você sabe o que quer?