segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Eternamente feliz




Por Vanessa Sene Cardoso

Feliz 2018. Não, eu não me enganei. No fim de 2017, recebi felicitações de Ano Novo de muitas pessoas. E esse, realmente, foi um ano feliz. Na verdade, ao longo da vida e da caminhada com Cristo, descobri que não existe ano infeliz. Posso me sentir alegre, triste, com raiva, passar por dificuldades e ainda assim ser feliz. A felicidade não é determinada por bens, relacionamentos, saúde, sentimentos, sabedoria, realizações. Tudo isso é muito bom, mas há quem tenha todas essas coisas sem ser feliz.

Para mim, a felicidade está em ser filha amada de Deus, em pertencer a ele, em ter um propósito de vida em Cristo, e saber que o meu passado, presente e futuro estão escritos e guardados pelo meu Pai: Os dias que me deste para viver foram todos escritos no teu livro quando ainda nenhum deles existia (Salmos 139.16 – NTLH – Ler Apocalipse 5.1-6). Lógico que há muitas coisas que nos alegram o coração, e devemos desejá-las. Só não podemos depender delas para sermos felizes.

Alguns motivos que confirmam a felicidade:


Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna    (João 3.16 – NTLH).

Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo (2 Coríntios 5.19 - NTLH).

Tu me mostras o caminho que leva à vida. A tua presença me enche de alegria e me traz felicidade para sempre (Salmos 16.11 – NTLH).

Deus faz que o solitário viva em família (Salmos 68.6).

Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia (Salmos 34.8).

A paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus (Filipenses 4.7 - NVI).

E lembrem disto: eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos (Mateus 28.20 – NTLH).

Essa lista não tem fim, porque a vida não tem fim. Ela é eterna assim como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste (João 17.3 – NVI). Essa jornada feliz, para mim, já começou quando recebi a vida de Cristo e me tornei filha de Deus. Convido você para vir comigo e com todos os meus irmãos e irmãs da família da fé. Seja eternamente feliz!

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém (Romanos 11.36).

Feliz 2019!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

À procura de...




Por Vanessa Sene Cardoso

Você tem algum objeto de estimação? Algo que gosta muito e que, mesmo que não tenha valor material, é precioso para você? Pois bem, eu tenho alguns objetos que são significativos porque me lembram de pessoas, de lugares e outros, simplesmente, porque eu gosto sem motivo algum. Vou falar sobre um deles. É uma presilhinha muito pequena, alguns conhecem como piranha (veja a foto no fim do texto). 

Durante uma época, sempre que chegava em casa, usava para prender minha franja. Era um hábito. Eu tenho outras semelhantes, mas, em casa, aquela era a minha escolhida. Acho que, subconscientemente, associava ao conforto do lar. Ao guardá-la em algum lugar que não era de costume, podia até esquecer onde estava, mas logo dava um estalo na mente. Nunca havia perdido.

Certa vez, fui pegar a presilha e não estava no recipiente onde eu guardava. Procurei em vários lugares, sem sucesso. Pensei: “Devo ter colocado no bolso da calça, o que fazia de vez em quando, e na hora de lavar deve ter caído... Enfim, também não é para tanto, tenho outras presilhas, deixa pra lá”. Mas confesso que fiquei chateada.

Passados alguns dias – já tinha dado como perdida a presilha – quando limpava a casa, fui passar pano no chão da área de serviço e, num cantinho, um pequeno objeto preto atraiu meu olhar. Me aproximei para ver melhor. Não consegui conter as lágrimas... Você pode estar pensando: “Quanto drama! Há tanto motivo relevante para chorar!”

A presilha não foi o motivo das minhas lágrimas. Quando vi aquele insignificante objeto no chão, que já não imaginava encontrar mais, Deus me disse: “Eu cuido de você nos mínimos detalhes”. Ele usou uma situação cotidiana, até mesmo sem muita importância, para demonstrar mais uma vez o seu amor por mim. O foco não era a presilha, mas o cuidado do meu Pai. Foi uma experiência muito legal! Daquelas que um relacionamento íntimo proporciona. Uau!

Lembrei-me de uma parábola contada por Jesus (Lucas 15. 8-10 – NTLH):
— Se uma mulher que tem dez moedas de prata perder uma, vai procurá-la, não é? Ela acende uma lamparina, varre a casa e procura com muito cuidado até achá-la. E, quando a encontra, convida as amigas e vizinhas e diz: “Alegrem-se comigo porque achei a minha moeda perdida.”

A moeda mencionada por Jesus somos nós quando estamos separados do nosso Criador. No versículo 10, lemos que há alegria quando aquele que está perdido se volta para Deus. O Natal se aproxima. Jesus veio ao mundo com o propósito de nos encontrar, de dar vida aos que estão mortos. Por meio dele somos religados ao Pai. E, consequentemente, temos a vida eterna com Deus.

O relacionamento com Deus, nosso Pai, é o bem mais precioso que podemos ter. A partir disso, temos uma nova perspectiva sobre o valor da nossa própria vida, das pessoas que nos cercam.

Talvez você esteja à procura de algo que preencha o seu vazio existencial. Quem sabe não tenha chegado o momento de deixar-se encontrar?! Experimente!!




domingo, 21 de outubro de 2018

Tia do cafezinho = proatividade




Por Vanessa Sene Cardoso

Convido você a exercitar sua memória ou imaginação! Pense em uma personagem popular que está sempre presente e tem livre trânsito em diferentes locais, como ambientes comerciais, repartições públicas, residências e outros. Estou falando da “tia do cafezinho”. Quem se lembra ou poderia contar alguma história em que ela seja protagonista ou coadjuvante?

Eu tenho! Vamos lá!

– Preciso entregar um convite em mãos – diz minha amiga a uma funcionária que encontrou no corredor do órgão público.  

Era fim da manhã. Muitos servidores já estavam em horário de almoço, inclusive o chefe da repartição, que era o destinatário da correspondência.

Minha amiga não poderia ficar esperando. O que fazer? Eis que a funcionária se dirige a ela:
– Acho que a Lourdes pode ajudar. Venha comigo!

As duas seguiram à procura de quem teria condições de dar um jeito na situação naquele momento. Alguns minutos depois, encontrou sua provável emissária:
– Fique tranquila, vou colocar o convite em cima da mesa dele.

Duas semanas depois...

Chegou o dia do evento. Eu estava recebendo os convidados e um homem se dirigiu a mim, apresentou-se. Na hora me lembrei da Lourdes. Já entenderam de quem se tratava, não é? Pensei: Quanta eficiência e proatividade! Afinal, ela trabalhava na copa e zeladoria e não fazia parte das suas atribuições entregar correspondência.

Um amigo meu, também jornalista, na empresa em que trabalhou por muitos anos, fazia parte da editoria política, sendo responsável pela cobertura da prefeitura e câmara de vereadores da cidade onde morava. Por ser uma pessoa muito relacional, sempre teve facilidade em puxar conversa, fazer amizades e obter informações relevantes. Muitas vezes, a “tia do cafezinho” era uma de suas principais fontes, pois ela tinha trânsito livre nos gabinetes. E como, em alguns casos, por sua discrição, era sequer notada, acabava ouvindo assuntos tratados em encontros a portas fechadas, afinal reunião sem café não é reunião.  

Uma ressalva: Minha intenção neste artigo não é entrar na questão ética da funcionária pública e do jornalista. Mas, sim, fazer um contraponto sobre “cumprir o protocolo” e “agir com iniciativa”. Nessa reflexão me refiro à “tia do cafezinho” como símbolo de eficiência e proatividade.

Quando cumprimos nossas tarefas a contento somos eficientes, pois eficiência é fazer certo as coisas. A questão é que, muitas vezes, paramos aí. O episódio que compartilhei no início do texto não traz nada de extraordinário. A personagem viu a necessidade da minha amiga e buscou uma solução. Simples assim!

É preciso olhar fora do quadrado! Estar sensível às necessidades de quem está perto. Olhar para o bem-estar geral é uma atitude que faz toda a diferença. Ações simples podem se tornar relevantes no contexto em que estamos inseridos, facilitando a comunicação, melhorando a execução de tarefas do dia a dia, remindo o tempo e deixando o ambiente mais aconchegante.

Dedico esse texto a essa profissional que é conhecida carinhosamente como a “tia do cafezinho”.

sábado, 28 de julho de 2018

Amor por Londrina



Por Vanessa Sene Cardoso
Fui fotografada por meu irmão Eduardo Sene Cardoso

Aos cinco anos deixei minha terra natal, Cornélio Procópio, no Paraná. Devido ao trabalho do meu pai, durante a minha infância, nossa família morou em quatro cidades. Todas têm um significado especial, fazem parte da minha história e deixaram lembranças marcantes para o resto da vida.

A cada mudança, como é natural, passava pelo período de adaptação, e as cidades onde morei, embora todas no Brasil, tinham costumes e culturas muito diferentes. Na escola, eu era quase sempre a novata da turma; os colegas de classe, na sua maioria, já se conheciam, tinham laços entre si, pois tinham passado a vida toda na mesma cidade. Depois de um tempo, quando já estava adaptada e tinha construído amizades, era surpreendida pela notícia: vamos mudar.

Nessa primeira fase de vida, um dos meus sonhos era criar raízes em uma cidade, sentir que pertencia àquele lugar. Deus conhecia o desejo do meu coração. E ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos (Efésios 3.20), segundo a sua vontade, é claro! Pois tem o melhor para seus filhos e filhas. Não sabíamos, mas isso estava nos planos de Deus para nossa família...

No dia 28 de julho de 1988 mal sabia que essa data marcava o início da concretização do meu sonho de infância nos mudamos para Londrina. Já era adolescente. Desde o primeiro momento senti como se estivesse voltando para casa. Eita cidade acolhedora! Conheço muitas pessoas que vieram para cursar a universidade e acabaram ficando por aqui. Na maioria das vezes, o discurso é uníssono: “me considero cidadão londrinense”. Faço parte dessa turma!

Sou londrinense de coração! Já passei bem mais da metade da minha vida nessa terra roxa, vermelha... colorida. É isso! Londrina é uma cidade de contrastes, começando pelas cores. Quem já observou o céu no fim de tarde sabe do que estou falando: o matiz é fantástico! A paisagem é linda. O lago Igapó, ainda que artificial, cortando nossa “pequena metrópole”, traz vida em meio à “selva de pedra”. O cenário rural, o café, as perobas majestosas, a vegetação, os ipês e manacás que vestem as ruas por onde passamos apressadamente, nosso clima, manifestações e produções artísticas... Temos aqui também um caldeirão cultural. Pioneiros de diferentes nacionalidades vieram para construir um local para viver. Somos herdeiros dessa diversidade que faz de Londrina uma cidade aberta e receptiva aos “estrangeiros” e “peregrinos”.

A pequena Londres cresceu rápido, é um polo no norte do Paraná, mas não perdeu as características de uma cidade interiorana. As pessoas se conhecem, se encontram no mercado, no shopping, no calçadão, no Zerão, no cinema, na feira da Lua, nas praças...

Aqui ganhei muitos amigos! Tesouro inestimável e inesgotável!

Poderia escrever páginas e páginas sobre essa cidade, mas sou suspeita para falar. Talvez para alguns essas palavras não correspondam à realidade. Pode parecer exagero! Não importa, neste momento a emoção é a razão da minha expressão.

Embora as palavras sejam recursos eficientes para expressar o que sentimos e pensamos, muitas vezes não conseguem fazê-lo. Termino esse texto com os olhos marejados, a voz embargada, e o coração cheio de contentamento e gratidão a Deus por essas três décadas vivendo aqui. Sou pé-vermelho!

Essa é minha declaração de amor por Londrina!











sábado, 7 de julho de 2018

Vida e Morte: qual o significado?




Por Vanessa Sene Cardoso

O que mais tem valor para você? Vamos lá! Como é algo para meditar, seja sincero consigo mesmo, pois ninguém vai saber o que se passa no seu íntimo, apenas Deus, que já sabe, mesmo que insista em não falar para ele. Algumas possibilidades para estimular a sua reflexão: seus filhos, filhas, esposo, esposa, outras pessoas que você ama; seus bens materiais; seu conhecimento intelectual; situações e atividades que lhe proporcionam prazer... Sinta-se à vontade para acrescentar algo pessoal nessa lista. Identificou o que tem valor? Pois bem, se você não estiver vivo, tudo isso perde o valor, certo? Acho que chegamos a um ponto de convergência de que se não houver vida, as demais coisas perdem o sentido.

Creio que a vida é o maior valor para o ser humano. Fazemos de tudo - às vezes não da melhor maneira - para preservá-la. Mas você pode estar se perguntando: E as pessoas enfermas que estão sofrendo e preferem a morte? E aqueles que pensam em tirar a vida? Válida reflexão! A vida humana é criação de Deus e uma dádiva, mas quando o homem pecou houve a separação do Pai, o Eterno, e a morte entrou no mundo, ou seja, o ser humano passou a ser um “morto-vivo” (Gênesis 2.17). O texto de Gênesis 3 nos mostra que o homem trocou a árvore da vida (Cristo) pela árvore do conhecimento do bem e do mal (morte, separação).

A vida sem Deus é incompleta, é uma ilusão, é morte. Se você percebeu que está morto, ou sente-se morto, não desanime! Vamos reavivar nossa memória?! Deus, que é um Pai amoroso, planejou uma solução para nossa condição humana: a morte e a ressurreição de seu Filho Jesus Cristo. Jesus se tornou pecado em nosso lugar, e ressuscitou para que, por meio dele, fôssemos reconciliados com Deus passando a ter vida verdadeira e eterna. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida (1 João 5.11-12). Essa afirmação deixa claro que a vida não é um estado e sim uma pessoa, Jesus Cristo.

Talvez, assim como Nicodemos, que era um mestre e conhecedor das Escrituras, você se pergunte: Como receber a Vida? Jesus responde dizendo que é necessário nascer de novo. Nicodemos perguntou: - Como é que um homem velho pode nascer de novo? Será que ele pode voltar para a barriga da sua mãe e nascer outra vez? Jesus disse a ele: – Quem nasce de pais humanos é um ser de natureza humana; quem nasce do Espírito é um ser de natureza espiritual (João 3.4, 6 - NTLH). É preciso nascer do Espírito para ter a vida eterna. O apóstolo Paulo em Romanos 10.9-10 nos orienta como devemos proceder: Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para a justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. Quando recebemos a vida de Cristo, nos tornamos filhos de Deus e temos uma nova natureza, o mesmo DNA de Jesus, ele está em nós e nos tornamos um com o Pai, o Filho e o Espírito Santo (João 17.21).

Em João 11.25 Jesus se identifica como “A ressurreição e a vida”: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra viverá. Esse nome reflete a sua essência. Se estamos em Cristo também temos a verdadeira vida. A morte foi derrotada de uma vez por todas, ela não nos assombra mais, seu sentido passa a ser outro, assim como a vida ganha novo significado para nós. E podemos fazer coro com o apóstolo Paulo: Para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro (Filipenses 1.21).


Para refletir:

Deus escolheu enviar Jesus ao mundo para nos dar vida verdadeira e eterna. A iniciativa foi dele e não nossa. Você já recebeu ou quer receber a vida de Cristo em você?

E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vocês (Romanos 8.11 – NVI).

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Tem boi na linha



Por Vanessa Sene Cardoso 

Dias atrás, combinei com uma amiga de visitar uma feira de produtos orgânicos. O que seria algo simples e corriqueiro, para nós se tornou uma aventura. Vamos comigo!

Outra amiga – vou chamá-la de Renata – que já havia ido à feira me explicou como chegar lá. “Que fácil”, pensei. Não vai ter erro. É só passar em frente à casa dela; no fim da rua virar à esquerda; nesse ponto há três entradas, mas devo seguir na do meio, e pronto; passando um condomínio residencial já estaria no meu destino. Mal sabia o que me aguardava.

Depois de me dizer como chegar à feira, Renata fez uma observação com bastante ênfase:
– Quando estiver chegando, você vai ter que prestar MUITA ATENÇÃO, pois o lugar é meio ESCURO, e não tem identificação. Pode acabar passando batido.

Munida dessas informações e com o auxílio de uma “copiloto” eficientíssima, #partiufeira. Minha amiga e eu fomos conversando numa boa, passamos pelos pontos de referência que Renata havia nos dado. Percorremos toda a extensão do muro que cercava o condomínio e... nada.

Eu disse para minha “copiloto”:
– Acho que entendi errado. Vamos voltar no entroncamento e tentar as outras duas entradas. O que acha?

Tentativas frustradas. Era noite e não encontramos ninguém pelo caminho que pudesse nos orientar. Você pode estar se perguntando: Por que não usou GPS? A bateria do celular estava por um fio. Que mancada, né?! Antes de descarregar completamente, consegui ligar para Renata.
– Seguimos as suas orientações e não encontramos a feira – eu disse.

Renata repetiu a explicação. Fiquei intrigada: Onde ficaria a tal feira? Lá fomos nós novamente! Enquanto eu dirigia, minha amiga olhava através da janela do carro procurando um ajuntamento de barraquinhas em cada viela pela qual passávamos. Já estávamos saindo do bairro, chegando a um lugar ermo. Minha amiga e “copiloto”, quase com o pescoço deslocado de tanto olhar para fora, cogitou:
– Pode ser que hoje, excepcionalmente, a feira não esteja funcionando.

Ligamos para Renata mais uma vez, e ela se dispôs a nos acompanhar para mostrar o caminho. Voltamos ao ponto de partida, encontramos nossa amiga que, prontamente, tomou a dianteira. Seguimos o carro dela.  O trajeto que tínhamos feito estava certo. De repente, Renata acionou a seta para a esquerda. Comentei com minha amiga:
– Não acredito que ela vai entrar onde estou pensando.

Do lado esquerdo da pista havia uma galeria de lojas muito bem iluminadas, estacionamento na frente, quase um mini Shopping Center. Nas nossas idas e vindas à procura da feira orgânica passamos, pelo menos quatro vezes, em frente ao prédio. Com base na descrição de nossa amiga Renata, jamais imaginamos que pudesse ser naquela galeria a tal feirinha orgânica. Afinal de contas, se tinha algum lugar naquela região que não passaria despercebido era ali. Parecia um enorme painel de neon em meio à escuridão!

O “ocorrido” rendeu boas risadas, comentários carregados de bom humor, reflexão, e esta crônica. Ficou evidente que, mesmo tendo ferramentas e linguagem para uma comunicação eficiente, estamos sujeitos a encarar um “boi na linha”.

Há um conceito muito repetido quando se fala sobre comunicação: “Comunicação não é o que você fala, mas o que o outro entende”. Renata achou que foi clara, e eu estava certa que havia entendido. A explicação da rota foi simples. Não teve erro. O ruído na nossa comunicação se deu na descrição do local. Em nenhum momento ela mencionou barracas; essa foi uma dedução a que minha amiga e eu chegamos. Quem disse que toda feira tem barracas?! Todos nós partimos de nossos referenciais. O que Renata queria dizer é que a sala onde estava instalada a feira não tinha identificação. Talvez se tivesse falado que ficava em uma galeria teria sido o suficiente. Ela, no entanto, deu alguns detalhes na intenção de facilitar a identificação, com base em sua experiência quando esteve a primeira vez no local.

Não estamos livres de nos depararmos com “bois na linha” - são até muito comuns ruídos na comunicação - mas podemos fazer das situações que passamos uma “lousa”. A lição que ficou desse episódio foi que a objetividade e a prática de fazer perguntas, investigar são ótimos recursos para uma comunicação eficaz.

Ah! Em um caso como esse, ter um GPS e o celular carregado à mão também ajuda.









sexta-feira, 20 de abril de 2018

A “métrica” de Deus é outra




Por Vanessa Sene Cardoso

Dia desses precisei tirar fotocópias de alguns documentos. Terminei o almoço mais cedo para dar tempo de passar em uma loja perto de casa, antes de voltar para o trabalho. Calculei, “milimetricamente”, o tempo que gastaria para não me atrasar. Os imprevistos acontecem! Quando estava passando em frente ao local onde pretendia fazer as cópias, procurando lugar para estacionar, percebi que a loja tinha fechado. E agora?

Lembrei-me de dois estabelecimentos no centro da cidade. Pensei: se eu for ao centro vai ser difícil encontrar lugar para estacionar o carro e, muito provavelmente, chegarei atrasada ao trabalho. Enquanto pensava numa solução, continuei seguindo meu trajeto e observando, ao longo do percurso, para ver se encontrava um lugar para fazer as cópias.  No fundo achei que seria difícil obter êxito no meu intento.

Conversando com Deus no caminho, disse: “Bem que podia dar certo, pois queria resolver isso hoje”. De repente, em uma esquina, salta aos meus olhos “X CÓPIAS”. A sensação que eu tive foi que a pintura do nome da loja na fachada parecia tridimensional. Meu coração se encheu de alegria por meu Pai ter atendido o que havia pedido. Hum! Mas onde estacionar? Não havia vaga por perto. Ou melhor, quando eu olhei à minha direita, um carro saindo. Nem precisei procurar. Foi demais!

A situação que compartilhei é corriqueira, poderia não ter dado certo. Mas eu creio que Deus atendeu o meu pedido. Você pode estar se perguntando: Aonde ela quer chegar com essa conversa? Essa situação me fez refletir sobre o relacionamento com Deus e a vida de oração.

Orai sem cessar (2 Tessalonicenses 5.17). O que significa isso? Devemos estar em comunhão com o Pai, por meio do Espírito Santo, o tempo todo. Mesmo quando estamos dormindo: Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro (Salmos 4.8). Às vezes Deus fala conosco por meio de sonhos também. A Bíblia nos ensina a separar um tempo, em particular, para orar: Quando orares, entra no teu quarto...(Mateus 6.6). Quem não mora sozinho e, ainda por cima, divide o quarto com alguém, vai ter dificuldade para levar essa orientação ao pé da letra. Mas o “quarto” pode ser sua caminhada para o trabalho.

Regra x Princípio

As regras servem para nos apontar princípios. Por isso precisamos estar atentos aos ensinos que nos são passados. Em alguns casos existe uma mistura do legítimo com o ilegítimo. Por isso, siga a dica de Tiago: peça sabedoria a Deus (Tiago 1.5).

Se orar 30 minutos você tem chance de ser mais abençoado do que se orar metade desse tempo? Já ouvi pessoas afirmando que sim; que devemos orar, no mínimo, uma hora por dia, ou a madrugada toda. O critério de Deus não é a meritocracia e, sim, a graça. As experiências pessoais inspiram, mas não podem virar dogmas. Com isso não estou dizendo que não é importante dedicar tempo na prática da oração. O que quero dizer é que a resposta da oração e a bênção de Deus não dependem do meu esforço. Ele é soberano!

A disciplina na vida devocional é um princípio. Só que o foco deve ser o relacionamento pessoal com Deus, e não a forma como isso acontece. Por isso permaneça 24 horas com ele. E quando separar um tempo, especificamente, para orar, a conversa vai fluir, e se isso acontecer antes de dormir prepare-se, pois pode se estender madrugada adentro.









sexta-feira, 23 de março de 2018

Aprender sempre




Por Vanessa Sene Cardoso

Um dia desses estava refletindo sobre o significado da ignorância. Talvez a definição mais comum, que vem à mente, seja “falta de conhecimento”. Considerando essa explicação, todos somos e sempre seremos ignorantes. Isso é fato! Ficou desanimado com essa constatação? Para os que ignoram a ignorância, pode ser um consolo. Afinal, por que precisamos buscar conhecimento e novas aprendizagens? Muitas vezes o medo do desconhecido e o comodismo nos impedem de sair da zona de conforto, e de nos aventurarmos por um mundo novo. Existem aqueles que não querem aprender ou não veem necessidade. Direito deles!

Você já viu chácaras ou quintais com um cachorro que, mesmo preso por uma corrente, consegue se movimentar num grande espaço? A sensação é que está solto. Muitas vezes, o animal não percebe que a liberdade dele se limita ao lado de dentro da cerca. Penso que a ignorância e o desinteresse pelo conhecimento e aprendizagem fazem isso com o ser humano. A ignorância nos mantém presos, com a sensação de liberdade. O conhecimento liberta e abre a visão de mundo.

Converse com uma pessoa que não teve a oportunidade de concluir os estudos na infância e adolescência, e retorna aos bancos escolares na idade adulta. Conheço muitas pessoas nessa situação. Elas são muito interessantes!  Tenho profunda admiração pelos curiosos, por aqueles que não se acomodam com o que já sabem, mesmo que sejam estudiosos e profundos conhecedores em determinada área ou no geral. Quando falo sobre a busca por conhecimento, não estou me referindo apenas à educação regular ou formal.

A ignorância em si não é o maior problema. A questão é quando não nos damos conta de que somos ignorantes. Aí mora o perigo! O primeiro passo para avançar é reconhecer que posso e quero crescer em conhecimento. A leitura é uma grande aliada para nos introduzir em novos contextos e abrir nossa visão de mundo.

A escola, nos diferentes níveis de graduação, por mais imperfeita que seja também é um espaço de aprendizagem essencial em nossa vida. Além de transmitir informações e conhecimento, nos ensina a conviver com o outro, desenvolver habilidades sociais. Se você foi privado de oportunidades ou deixou-as passar, nunca é tarde! Que tal pensar na possibilidade de voltar a estudar? No universo do conhecimento há muitas opções – formais e informais.

No ano passado ouvi uma frase de um amigo que já está próximo dos 80 anos: “O dia que eu parar de aprender vou ficar velho”. Confesso que fiquei um tempo pensando nisso. Cheguei à seguinte conclusão: Quando deixo de aprender, paro de viver.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

A lente que usamos




Por Vanessa Sene Cardoso

Hoje vou contar a história de uma menina chamada Borboleta. Ela teve uma infância muito feliz, nasceu em um lar estruturado – longe da perfeição, pois não existe família perfeita –, recebeu amor, afirmação, teve pais presentes, que a ensinaram valores cristãos. Tinha uma grande parentela, com muitos tios, tias, primos, primas, avós, amigos... Suas férias sempre eram incríveis. Borboleta era uma garota criativa, gostava de brincar e, como muitas crianças, também convivia com suas histórias e personagens imaginários. Era alegre, sorridente e comunicativa. Sempre foi boa aluna e muito dedicada.

Por causa do trabalho do pai, Borboleta mudou de cidade algumas vezes. Se por um lado conheceu lugares e pessoas diferentes, por outro sentia vontade de criar raízes. A cada nova escola ou vizinhança, embora acabasse se adaptando, a princípio sentia-se uma forasteira entre as outras crianças, pois a maioria tinha nascido e vivia na mesma cidade.

Quando estava entrando na adolescência, Borboleta mudou novamente de cidade e, consequentemente, de escola. Foi uma fase difícil, de muitas mudanças: física,  emocional, cultural (morava em um estado e mudou para outro com costumes um pouco diferentes); busca por autoafirmação, autoconhecimento, sentido existencial, o que é normal nesta faixa etária. A adolescência também é uma fase em que se procura aceitação no grupo, senso de pertencimento em um ambiente de relacionamento com os “iguais”. Pois bem, esse era o contexto de Borboleta naquela época. Era muito tímida, fazia de tudo para não ser notada. Na nova escola, a maior parte da turma tinha em comum a trajetória escolar, as crianças estudavam juntas desde o início da vida acadêmica, a amizade extrapolava o muro do colégio. Borboleta acabou se aproximando daquelas que, como ela, eram novatas naquele ambiente.

Borboleta tinha um semblante que refletia sua condição emocional – na época – carregada de uma certa melancolia. Na maior parte das vezes era séria, achava algumas brincadeiras meio tolas, se irritava com o comportamento maroto de outras crianças, não sorria muito nas fotos. A alegria da infância se converteu em um sentimento de inadequação e desconforto emocional. Se tornou muito fechada. Na escola encarava alguns comentários e atitudes dos colegas como algo depreciativo, deboche. E, realmente, crianças quando querem sabem ser cruéis. Borboleta reagiu a tudo isso criando uma cerca, onde só permitia o acesso de pessoas muito chegadas e que não representavam ameaça.

Muitos anos depois...Na vida adulta...

Ao entrar na juventude, Borboleta carregou durante alguns anos a impressão equivocada sobre si mesma que construiu na fase de transição da infância para a vida adulta. Sua autoimagem era distorcida, o que interferia na autoestima e na forma como se projetava nos diferentes meios em que estava inserida, bem como na forma como se relacionava com os outros. Enxergava as circunstâncias, as pessoas, o ambiente e a si mesma através da lente que passou a usar na adolescência.

Os valores e ensinamentos que recebeu dos pais, principalmente, sobre a fé cristã e a pessoa de Jesus foram determinantes para que passasse a enxergar com nitidez e verdade quem realmente era. Quando decidiu substituir a lente que distorcia sua visão pela lente cristalina do Espírito Santo percebeu sua verdadeira imagem. O amadurecimento e o senso de identidade em Cristo fizeram com que Borboleta abandonasse a antiga forma de ver e interagir com o mundo (2 Coríntios 3.18).

Com o passar do tempo Borboleta percebeu que naquela fase difícil a lente que usava impediu que enxergasse o mundo, as pessoas e as circunstâncias de forma positiva. Com a bênção da maturidade pôde entender que as pessoas não usavam a mesma lente que ela. A reaproximação anos mais tarde com alguns colegas permitiu uma reconciliação com aquele passado, o que se tornou possível em função da ausência de sua antiga lente.

Reflexão

Uma mesma situação é vista de diferentes maneiras, dependendo da lente que a pessoa usa. Essa lente é composta pela história de vida, crenças, ambiente em que se está inserido, relacionamentos, temperamento, personalidade, etc... Nem sempre ela nos faz enxergar as coisas como realmente são. Com a maturidade trocamos as lentes, mas há quem resista em permanecer enxergando as coisas da mesma forma. Uma questão de escolha!

Quando nos relacionamos com Jesus e permitimos que ele viva em nós, nossa visão vai sendo transformada, à medida que amadurecemos. Isso é graça! É um presente de Deus!

Borboleta, na verdade, era uma lagarta que, no processo natural da vida, criou asas e voou. Experimente sair da zona de conforto!

Fotos: Vanessa Sene Cardoso
Só observando... Que lente você usa?