quinta-feira, 30 de abril de 2020

Ruído na comunicação




Por Vanessa Sene Cardoso

Em tempos de pandemia e distanciamento físico, migramos para o ambiente digital. Privados do contato e convívio presencial, estamos interagindo muito mais pelas redes sociais, aplicativos de mensagens, do que anteriormente.

O momento de incertezas provocado pela Covid-19 favorece especulações, avaliações, reflexões sobre o cenário, tanto do ponto de vista da doença, quanto dos desdobramentos nas áreas de saúde, científica, política, econômica.

O volume de informações e conteúdos veiculados aumentou. Compartilhamos vídeos, áudios, imagens, textos o tempo todo. O desconhecido parece ter gerado uma descompensação em muita gente. Se assemelha a uma linha de produção: receber e repassar. Operários da comunicação. Essa prática se tornou quase que automática, principalmente por WhatsApp; pelo menos é o que parece. Falta filtro. Falta averiguação. Falta bom-senso. Falta ocupação. Sobra conteúdo. O fato é que o excesso de informação pode produzir ruído na comunicação.

Que tipo de ruído? Se a informação é falsa ou parcialmente verdadeira, provoca confusão e diferentes reações; compartilhar tudo que se recebe nos grupos de WhatsApp, mesmo que não se trate de Fake News, às vezes, toma tempo e atenção, além de sobrecarregar o smartphone. É lógico que o receptor tem a opção de descartar o conteúdo e, em último caso, bloquear o emissor. Mas aquela sensação de bombardeio pode causar pressão psicológica e cansaço mental em algumas pessoas.

Talvez você esteja pensando: QUE EXAGERO! Pode ser. Mas nunca é demais fazer uma autoavaliação na forma como nos relacionamos, ainda que digitalmente, com outras pessoas. Qual o parâmetro para essa comunicação? Não tenho a resposta. Mas compartilho uma dica no vídeo que ilustra este artigo.

sábado, 4 de abril de 2020

A mulher na janela





Por Vanessa Sene Cardoso

Começo o texto pedindo permissão para dar um spoiler. Fique tranquilo! Na verdade, será um meio spoiler. “A mulher na janela” que identifica esse artigo é o título de um livro de ficção escrito pelo autor americano A. J. Finn. Ele conta a história de uma mulher que após uma experiência traumática desenvolve uma síndrome que a impede de sair de casa.

Anna mora sozinha e seu contato com o mundo externo passa a ser através da janela. Ela costuma acompanhar o que se passa do lado de fora observando os vizinhos; e onde o olhar não alcança, recorre à lente de uma câmera fotográfica para aproximar a realidade das famílias do bairro e entrar na vida delas. A protagonista busca a intimidade dos outros para fugir de si mesma, dos seus fantasmas. Vou parando por aqui. Espero ter despertado a sua curiosidade. Indico a leitura.

Esse foi o título escolhido para o nosso Clube do Livro há mais de dois meses. Quem poderia imaginar que, como disse uma amiga, o título seria profético... rs. Pois é! Estamos todas, por força das circunstâncias (pandemia Covid-19), reclusas entre quatro paredes. Nossa reunião hoje é em ambiente virtual. Da ficção para a realidade.

Vamos conversar sobre a história, trocar impressões, experiências a partir de um mesmo ponto de partida,  apresentando nossas observações, diferentes considerações sobre o assunto, e, principalmente, vamos bater papo despretensiosamente. Longe, mas perto.

Hoje somos as mulheres nas janelas... virtuais, é bom frisar. E viva os 10 anos do Clube do Livro!



sexta-feira, 3 de abril de 2020

No cantinho pra pensar



Por Vanessa Sene Cardoso

 “Agora você vai ficar ali no cantinho pra pensar”. Quem já recebeu essa ordem? Ela é ou, pelo menos, era comum na escola, em casa quando na infância fazíamos alguma “arte”, desobedecíamos, desrespeitávamos pai, mãe, ou outra figura que representava autoridade.

Como as crianças – boa parte delas – depois de algum tempo paradas começam a ficar inquietas, “o cantinho do pensamento” acaba sendo uma forma de disciplina, embora para algumas seja apenas um castigo mesmo. Tudo depende do ponto de vista, de como a experiência é assimilada.

Nos últimos dias, o cenário mundial, em decorrência da Covid-19, tem proporcionado o ambiente ideal para reflexão. A prática do distanciamento social colocou grande parte da aldeia global no cantinho do pensamento. Quando poderíamos imaginar que um inimigo invisível aprisionaria milhões de pessoas dentro de casa?! Sem trancas, sem algemas, no entanto, impedidas de ir e vir.

Nenhum arsenal bélico, nem tecnologias de ponta até agora foram capazes de vencer essa guerra. Creio que estamos no caminho, vai ter um fim, mas enquanto isso...

O mundo parou. Silêncio. Uma oportunidade para rever as prioridades. Nos dias de hoje somos consumidos pela correria cotidiana, pelas demandas da vida pós-moderna, pela velocidade das informações, pela dependência do ambiente virtual. Temos tantas ferramentas em mãos, que é muito fácil nos acharmos superpoderosos. De repente, em questão de semanas, fomos surpreendidos por uma circunstância que nos tirou o controle da situação, ou melhor, a enganosa sensação de controle.

Muitos de nós estamos tendo que enfrentar a nós mesmos, lidar com os relacionamentos, olhar com mais atenção para quem está próximo. Como vamos encarar esse momento? Talvez para você esteja tudo normal. Mesmo assim, vale a pena o exercício da reflexão. Como temos conduzido nossa vida? O que está legal e o que precisa de um novo rumo? Quais são nossos sonhos? Vamos aproveitar essa chance em que nos vemos obrigados, de certa forma, a dar uma pausa na rotina acelerada, e pensar, planejar, colocar ordem no mundo interior, ou relaxar mesmo. Há quanto tempo você não fica sem fazer nada?

Se no dia a dia nos dividimos entre os mundos real e virtual. Agora a balança está pendendo mais para o segundo. Estamos operando no ambiente e no modo digital. A conexão diminui as distâncias e facilita a comunicação. Realmente, o mundo parece uma aldeia em que os povos, independentemente de suas peculiaridades, vivem a mesma experiência. Sendo assim, podemos nos sentir no mesmo barco, ótima oportunidade para o exercício da solidariedade e da empatia.

Diante de tudo isso é reconfortante saber que: Os olhos do SENHOR estão em todo lugar (Provérbios 15.3). É ele quem faz mudar os tempos e as estações; é ele quem põe os reis no poder e os derruba; é ele quem dá sabedoria aos sábios e inteligência aos inteligentes (Daniel 2.21-23 – NTLH). Deus tem tudo debaixo de suas mãos e do seu controle. Ele é quem coloca ordem no caos, conforme os seus propósitos.

É tempo de recolhimento. Mas logo estaremos liberados do cantinho do pensamento.