sábado, 12 de novembro de 2016

Nada de esteira rolante



Por Vanessa Sene Cardoso

Quando você se depara com uma situação que lhe causa medo, como reage? É comum pedirmos para Deus tirar o nosso temor, e ele pode e faz isso, muitas vezes, instantaneamente. Penso que existe uma forma mais difícil, porém educativa, de lidar com essa condição da alma: enfrentar o que nos provoca medo. Quando nos dispomos a isso, logo ele desaparece. Esse, no entanto, é o X da questão. Enfrentar é como atravessar a porta sem saber o que tem do lado de dentro, (pior é o que imaginamos ter do lado de dentro, que nem sempre corresponde à realidade). Procurando o fio da meada encontramos o que precede o ato de enfrentar: a decisão de enfrentar. Não me refiro aqui a situações externas em que o medo funciona como um mecanismo de defesa ou proteção, como num assalto a mão armada, por exemplo.

Situações difíceis pelas quais já passamos e que nos causaram sofrimento; enfermidades; violência; perdas... Poderíamos enumerar vários fatores desencadeadores do medo. Entre tantos motivos, gostaria de destacar um que, se analisarmos bem, vamos perceber que pode ser a raiz de muitos outros: o desconhecido. Temos as nossas zonas de conforto. Pare e pense em uma delas. Vamos exercitar a imaginação:

Suponhamos que o que lhe causa medo seja mudar de emprego, algo que aguardou por tanto tempo. Finalmente a oportunidade aparece e você toma a decisão de enfrentar o desafio. A proposta de trabalho é boa, mas você não domina o serviço. No começo tudo é novo, os colegas lhe tratam com atenção, auxiliando em suas tarefas, o chefe pega leve nas cobranças e por aí afora. Mas depois de um tempo a “lua de mel” termina, tudo cai na rotina. E você se depara com as dificuldades: sente-se inseguro por não dominar as tarefas, tem que lidar com seus erros, começa a conhecer melhor os colegas, aparecem os primeiros sinais de conflitos. Um pensamento pode rondar a sua mente: “Demorei tanto para tomar coragem e mudar de emprego; deixei a minha zona de conforto, dei o primeiro passo, mas as coisas não fluíram como eu imaginava. Acho que tomei a decisão errada. Fui precipitado!”

Sair de uma condição confortável não é nada fácil. Damos um passo para fora da zona de conforto, e, muitas vezes, esperamos encontrar uma esteira rolante - afinal o mais difícil já foi feito - mas nos deparamos com uma escada. O fato é que subimos um degrau de cada vez, por isso é preciso paciência; a subida requer um pouco de esforço, o que, às vezes, provoca dor, por isso é preciso perseverança e foco; nem sempre enxergamos o que há lá em cima, por isso é preciso confiança; ao chegarmos ao topo, encontramos um degrau mais largo, uma espécie de “platô” (Ufa! Tempo de descanso!), mas descobrimos que logo vem outro lance de escada.

Podemos comparar essa escada ao crescimento. Deus quer que seus filhos amadureçam emocionalmente, nos relacionamentos, em todas as áreas da vida. Enfrentar os medos faz parte da nossa jornada rumo à maturidade. Como é bom saber que, em Cristo, temos capacidade para encarar toda e qualquer circunstância. O medo pode desaparecer de imediato, ou quando enfrentamos as situações, não importa a forma, e sim o propósito do nosso Pai.

Se você está passando por uma situação que lhe causa medo (ou não), agarre-se nesta verdade: No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo (1 João 4.18).