Por Vanessa Sene Cardoso
Numa quinta-feira após o expediente, dei
uma passadinha no supermercado – antes de ir para casa – para comprar um item
que faria parte da nossa sopa naquela noite fria. Hum! Sempre que preciso de poucos
produtos, costumo comprar na loja de uma grande rede que fica perto do
trabalho.
Peguei o produto e, quando cheguei ao
caixa rápido, pensei: Sem chance. Vai demorar um tempão. Observei a fila de
outro caixa e havia duas pessoas na minha frente. Fiquei ali. Eu só não
imaginava que passaria tempo suficiente a ponto de colher material para esta
crônica.
Quando tenho que aguardar em alguma fila
ou na sala de espera de consultório médico, gosto de observar as pessoas, o ambiente
e situações que acontecem ao meu redor; e minha mente criativa cria histórias.
Naquele dia não foi diferente. A mulher que estava na minha frente tinha feito
uma comprinha até que considerável. Quando o atendente registrou todos os
itens, fez a clássica pergunta:
— Forma de pagamento?
A cliente disse:
— No cartão de débito.
Até aí tudo bem. Só que ela iria usar o
cartão alimentação e não tinha saldo suficiente, ou seja, o funcionário
precisou fazer uma operação na caixa registradora de forma que a cliente
pudesse distribuir o pagamento em dois cartões. Observando a situação, tive a
impressão de que o atendente era novo ali. Enfim, demorou um pouco, mas a
compra foi finalizada. Exceto por um detalhe:
—
Completei a cartela da promoção, vou pegar os produtos — disse a
cliente.
O caixa conferiu a cartela, a cliente
escolheu os produtos da promoção, ele registrou a compra e na hora de
finalizar... A operação foi cancelada. Foi preciso chamar a supervisora.
— Você tinha que ter clicado “F9” — alertou a
supervisora com uma expressão no rosto de quem já tinha passado várias vezes a
mesma instrução.
— Mas foi o que eu fiz — retrucou o
funcionário.
Quando a supervisora saiu de perto, ele
desabafou:
— Foi problema do sistema, mas a culpa é sempre
nossa. Por isso que eu falo mesmo!
Encerrado o atendimento, a cliente foi
embora. Ufa! Chegou a minha vez.
Nesse mercado, após o atendimento, o
funcionário pode ser avaliado. E na ânsia de ganhar a nota máxima, muitos se
empenham em ser solícitos, simpáticos. E é aí que mora o perigo quando não é
feito um treinamento adequado ou quando a pessoa não usa o bom senso.
Ele me atendeu de forma rápida. E
enquanto eu colocava a compra em uma sacola, o rapaz começou a conversar com a
próxima cliente, que era uma senhora muito elegante, de forma entusiasmada e
com um grande sorriso no rosto.
— Boa noite! Tudo bem? A senhora vai ao bingo ou à
igreja?