Foto publicada no Jornal de Londrina em 31.05.2000
Por Vanessa Sene Cardoso
7 de abril: Dia do Jornalista. A data foi instituída
em 1931, por decisão da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), como homenagem
ao médico e jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró, morto por inimigos
políticos em 1830. Ele fazia oposição ao imperador D. Pedro I.
Como minha história no jornalismo começou...
Dos 16 para os 17 anos, época em que me preparava
para o vestibular, confesso que, como muitos adolescentes, tinha dúvidas sobre
a profissão que escolheria para a vida adulta. Sabia apenas, por eliminatória,
que seria na área de ciências humanas. Uma amiga me convidou: "Vamos fazer
comunicação social!" Sem saber muito bem do que se tratava, pensei, perguntei
para Deus e decidi. Fiz a inscrição para o vestibular da Universidade Estadual
de Londrina para o curso de Comunicação Social - Jornalismo.
Até então, minha decisão tinha sido
tomada por uma convicção subjetiva, pois não tinha conhecimento e vivência sobre
o que era e quais as implicações de ser uma jornalista. No primeiro dia de aula
tive contato com os colegas; um mundo novo se abria à minha frente e veio a
primeira decepção: “Você tem cara de quem faz odontologia”. Esse comentário de
um colega, além de me chatear, me fez refletir: Que cara tem um jornalista?
Percebi que eu não me encaixava muito bem no estereótipo
do estudante de jornalismo. Não era “bicho-grilo”; não era engajada em movimentos
estudantis; por causa da timidez, tinha dificuldade de me expressar em público.
Ou seja, na minha visão imatura e distorcida, jamais poderia seguir nessa profissão.
Durante os anos de faculdade, enfrentei algumas crises internas e externas. Certa
vez uma professora me questionou: “Você tem certeza que quer ser jornalista?” Só não desisti do curso porque dentro de mim havia a certeza de que tinha
feito a escolha certa, embora não soubesse muito bem onde isso ia dar. Em
nenhum momento assumi a posição de vítima, pois os confrontos me fizeram
enxergar que precisava crescer, me desenvolver. Foi um tempo de muito
aprendizado na área acadêmica, mas, principalmente, na vida pessoal.
Terminei o curso, e alguns dias antes da formatura,
estava em casa e, olhando através da janela, não consegui conter as lágrimas. O que
vai ser daqui para a frente?
Deus foi muito bom comigo e as portas foram se
abrindo, fui enfrentando os desafios, vencendo a insegurança, me aperfeiçoando,
ganhando experiência. A cada erro ou fracasso, quando pensava em desistir, ouvia
do meu pai: “Só erra quem faz”. Essa afirmação me acompanha ao longo de todos
esses anos. Trabalhei em rádio, como redatora e editora; como repórter de TV; produção
de matérias para jornais e revistas; produção e gerenciamento de conteúdo para
internet; assessoria de imprensa; assessoria de comunicação; escrevi um livro;
tenho projetos em andamento; e o meu Blog Limoeiro, onde planto minhas ideias.
O jornalista é um profissional que transforma fato
em notícia. Suas ideias são codificadas pelas palavras (escrita e oral),
imagens, sons, gestos. Na faculdade fui ensinada que o jornalista deve ser imparcial; na
prática aprendi que esse conceito não se sustenta. O simples fato de existir a
função de editor já derruba por terra a imparcialidade. Dependendo
da ótica, histórico, cultura, crenças e filosofia de vida do profissional, a
verdade pode acabar se tornando uma versão. É claro que a ética pessoal e
profissional nos faz buscar uma aproximação com a verdade dos fatos.
Hoje, três décadas depois de tomar uma das decisões
mais importantes da minha vida, não me arrependo. A convicção que na época era subjetiva,
com o passar do tempo, se tornou objetiva no exercício da profissão. Tenho um
longo caminho pela frente de aprendizado, novas descobertas, mas de uma coisa
estou certa: Se tivesse que escolher uma profissão hoje seria o jornalismo.
Ah! Minha amiga que sugeriu o Curso de Comunicação
Social foi fazer Direito.
Aos meus colegas de profissão, a minha homenagem.
Feliz Dia do Jornalista!
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