Por Vanessa Sene Cardoso
“Ele é cheio de querer”. Essa expressão lhe é
familiar? Se puxarmos pela memória vamos perceber que, desde a infância, somos
cheios de “querer”. A criança, normalmente, quer a atenção da mãe. Na adolescência
é normal querer fazer parte da turma. Na fase adulta o nosso querer, em algum
momento, vai ficando mais subjetivo. A nossa motivação para querer algo pode
ser necessidade, carência ou, simplesmente, o desejo natural do ser humano por
uma conquista na área material, intelectual, emocional, afetiva, espiritual... Enfim,
querer faz parte da vida.
“Que queres que eu te faça?” Essa pergunta feita
por Jesus ao cego de Jericó me deixava intrigada. Incentivo você a ler o texto
completo em Marcos 10.46-52. Vamos à história! Quando Jesus saía da cidade,
juntamente com seus discípulos e uma grande multidão, encontrou pelo caminho, Bartimeu,
que era cego de nascença. Ele já tinha ouvido falar de Jesus e seus milagres.
Quando percebeu quem estava cruzando o seu caminho, não hesitou:
───
Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Mesmo sendo repreendido pelas pessoas, insistiu:
───
Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!
Jesus ouviu Bartimeu, parou e mandou chamá-lo. Ele,
mais que depressa, foi até Jesus.
───
O que você quer que eu lhe faça? – perguntou Jesus.
Vamos dar uma pausa na história para uma reflexão.
O que uma pessoa cega, diante de alguém capaz de curá-la poderia querer? Não
parece óbvio?! Confesso que durante muito tempo não entendia porque Jesus fez
essa pergunta.
Bartimeu era cego desde que nasceu, sua vida estava
adaptada a essa realidade, ele dependia, em parte, de outras pessoas. O que
aconteceria se ele voltasse a ver? Sua vida mudaria radicalmente. Imagine:
passando a enxergar, teria acesso a um mundo diferente do que estava acostumado
exercitando os outros sentidos. Toda mudança gera insegurança e estresse, mesmo
que seja para melhor. Ele teria mais autonomia para ir e vir, sem depender de
outros. Deixaria de ser vítima, em função de sua deficiência. Quem sabe
perderia a atenção de algumas pessoas, já que não seria mais alvo de piedade. Será
que quando queremos algo temos consciência das implicações em nosso estilo de
vida?
Essas são apenas algumas considerações sobre as
mudanças que a cura da cegueira iriam produzir na vida de Bartimeu. Às vezes
queremos algo, mas não estamos preparados ou não temos consciência do que
acontecerá se Deus atender nosso pedido. Vamos voltar à história! Bartimeu
respondeu a Jesus:
─── Mestre, que eu torne a ver.
Jesus lhe disse:
─── Vai, a tua fé te salvou.
E imediatamente tornou a ver e seguia Jesus.
Provavelmente, a pergunta do Mestre fez com que o
cego refletisse sobre o que, realmente, desejava. Ele queria ver, mas tomou a
decisão mais importante de sua vida: seguir Jesus. Jesus sabe o que é melhor
para nós. Ele quer fazer parte da nossa vida e, não apenas, dar o que queremos.
Afinal o que representa uma cura ou qualquer outra bênção diante da vida eterna
com Deus?
Somente Cristo em nós pode produzir uma transformação
de dentro para fora. Ele pode abrir os nossos olhos físicos, sim, mas também
abrir os olhos da fé para que possamos enxergar a realidade espiritual. Isso
faz toda a diferença!
Você sabe o que quer?
lindo texto
ResponderExcluirObrigada, Ricardo!
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