Por Vanessa Sene Cardoso
“Sede
imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós” (Filipenses
3.17). Lendo a Bíblia
encontramos vários exemplos de homens e mulheres que podemos seguir, mas hoje a
nossa conversa é sobre as mulheres. Vamos relembrar de algumas?
Bom, comecemos por Eva. Que privilégio ser a primeira mulher com a
missão importantíssima de auxiliar Adão a governar a terra. E Sara?! Experimentou
o milagre de conceber o filho da promessa na velhice. Raabe, a cananita, teve atuação
relevante quando os judeus conquistaram a terra prometida. Mas ela não era uma
prostituta?! Pois é, mas essa mulher de “reputação duvidosa” tem lugar de
destaque, faz parte da genealogia de Jesus. Temos Rute, a moabita, que pela
cultura da época seria rejeitada no meio do povo de Israel, mas foi presenteada
por Deus com um resgatador, seu marido, que a colocou em posição de honra. E
essa estrangeira também foi incluída na árvore genealógica de Jesus. Ester é
outro exemplo: salvou o seu povo de ser exterminado. Essas são apenas algumas
mulheres e nem chegamos ao Novo Testamento!
Não poderíamos deixar de destacar Maria, mulher escolhida por Deus, para
dar à luz a Jesus, nosso Salvador. Ela foi uma serva por meio da qual Deus se
tornou humano. Realmente foi privilegiada! No Novo Testamento temos vários outros
exemplos: Marta e Maria, irmãs de Lázaro, amigas de Jesus; Dorcas que era “notável pelas boas obras e esmolas que
fazia” (Atos 9.36). Ela era muito amada e as mulheres com quem convivia
sentiram tanto a sua morte que Deus, por meio do apóstolo Pedro, a ressuscitou.
Os exemplos não param por aí...
A história continua sendo escrita: “Vocês
mesmos são a nossa carta, escrita no nosso coração, para ser conhecida e lida
por todos. Sim, é claro que vocês são uma carta escrita pelo próprio Cristo...
Não foi escrita com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo” (2 Coríntios 3.2-3
- NTLH). Olhando as mulheres da Bíblia, aprendemos com elas, mas são
realidades que, às vezes, parecem um pouco distantes de nós. E hoje, no mundo
em que vivemos, temos a quem imitar? Exercite a sua memória novamente! Pense em
alguma mulher que você conhece. Creio que a resposta é sim. Há pessoas que são
verdadeiras cartas vivas. É sobre uma delas que eu quero compartilhar.
A pequena Maria nasceu em 18 de abril de 1915, no interior de São Paulo.
Era de uma família portuguesa e muito religiosa. Como grande parte das moças do
início do século XX era prendada e foi preparada para ser esposa e mãe. Aos 19
anos casou-se. Com ela levou algumas imagens de quem era devota. Seu marido era
cristão, e por meio do testemunho dele teve um encontro pessoal com Jesus. A
partir de então começou sua caminhada na fé. Deus a abençoou com uma família
numerosa. Teve quatro filhos e seis filhas, o primeiro morreu com poucos meses
de vida, o que lhe trouxe muita tristeza e dor. Também passou por dificuldades
financeiras, o marido foi perseguido e ameaçado no trabalho. Em todos os
momentos, porém, não se desgarrou de Jesus.
A família foi aumentando, tornou-se a vó Maria. A vida pregava-lhe mais
uma peça, seu companheiro ficou muito doente e faleceu. Começava uma nova
etapa, mas ela sabia onde se derramar nos momentos de fragilidade e, ao mesmo
tempo, encontrar forças para sua jornada: aos pés da cruz e nos braços do Pai. Entre
tantos desafios que Deus tinha para essa filha, um deles se apresentou quando
já estava com mais de 70 anos. Maria havia morado em várias cidades, talvez
mais de 30. A maior parte no Paraná. Mas Deus a chamou para um local distante,
mudou-se para o Mato Grosso do Sul. Lá abriu a sua casa para receber irmãos e
irmãs na fé, e Deus foi acrescentando os que iam sendo salvos. Nasceu uma
igreja.
Maria teve 21 netos e mais de 30 bisnetos. A partir dos 80 anos, quando
lhe perguntavam como era ter aquela idade, dizia: “tenho canseira, mas não
enfado”, numa alusão ao Salmo 90.10. Suas marcas eram a alegria, serenidade com
que enfrentava as diversas situações da vida, sabedoria conquistada ao longo
dos anos na presença de Deus, doçura, simplicidade. Era uma intercessora, amava
sem esperar nada em troca porque sabia quem poderia supri-la. Em março de 2011,
pouco antes de completar 96 anos, completou a carreira que lhe estava proposta,
com perseverança sempre olhando firmemente para o autor e consumador da sua fé
(Hebreus 12). Com certeza recebeu a coroa!
Maria é minha avó, vi nela as marcas de Jesus, tenho lido essa carta
viva. Posso dizer com toda convicção que ela é digna de ser imitada. Sua vida
foi e é uma inspiração. “A quem honra,
honra” (Romanos 13.7).
Nenhum comentário:
Postar um comentário