Por Vanessa Sene Cardoso
“Tem gente que corre, e tem gente que ri de quem
corre”. Esta frase foi dita pelo juiz federal e escritor William Douglas ao
compartilhar, recentemente, em uma palestra, sua experiência ao participar de
uma maratona, no Rio de Janeiro. Foi o 219º colocado entre 221 participantes e
como ele mesmo disse, além de ultrapassar duas pessoas, venceu a si mesmo, uma
vez que era seu desejo correr a maratona, tendo como maiores obstáculos o
sedentarismo, o sobrepeso, a hipertensão. Durante o percurso, uma mulher de
cerca de 70 anos, emparelhou com William e lhe disse: “Cuidado com o que você
ouve”. E, em rápidas palavras, contou – antes de deixá-lo para trás - que foi
chamada de “velha maluca”. Embora ele tenha ouvido, ao longo do trajeto, das
pessoas que acompanhavam a prova, palavras de deboche e desencorajamento, como
“lesma, tartaruga”, não se deixou desanimar. Venceu!
Histórias como essa são comuns em livros de
autoajuda e palestras motivacionais. Mas deixando o clichê e os preconceitos de
lado, precisamos de motivação em nossa vida, pois ela é um combustível para
mudanças.
A motivação extrínseca - que vem das pessoas
próximas ou das circunstância - é muito importante para nos impulsionar a sair
da zona de conforto; mas ela, por si só, não tem um efeito duradouro, pois
quando perdemos o incentivo dos amigos ou de outros fatores externos corremos o
risco de estacionar ou voltar à estaca zero. Quando a motivação é intrínseca,
ou seja, de dentro para fora, tende a produzir melhores resultados. Mas mesmo
nesse caso estamos sujeitos a oscilações em nossas emoções, o que pode nos
levar ao desânimo.
Como a motivação opera em nós impulsionando para a
mudança? Não tenho uma resposta com base em pesquisas ou estudos científicos, e
minha intenção com este artigo não é essa. Quero apenas compartilhar e promover
a reflexão, a partir do que tenho experimentado em minha vida. Penso que o
ponto de partida é conhecer a si mesmo, saber os pontos fortes e fracos, como
funciono nas “engrenagens” da vida: trabalho, família, relacionamentos e
outras. Minhas ações e reações diante das circunstâncias revelam muito a meu
respeito. E aqui quero ressaltar que os verdadeiros amigos (e até os inimigos)
podem nos ajudar a enxergar coisas a nosso respeito. Mas atenção! A percepção
dos outros, e a nossa própria percepção devem ser levadas em conta no processo
de mudança; mas vale ressaltar que ambas são apenas percepções, versões. Então,
quem eu realmente sou? Saber a resposta a essa pergunta é fundamental, é o
começo de tudo, é determinante para as mudanças que tanto almejamos.
Sou cristã e creio que ao receber Jesus tenho uma
nova natureza. Essa é minha identidade. O Espírito Santo é quem produz a
motivação interior para as mudanças. A videira produz uva. Simples assim.
Muitas vezes damos mais importância para as versões de nós mesmos do que para
quem somos de fato. Talvez as mudanças que tanto desejamos tenham outro nome:
maturidade. Só amadurecemos se sabemos quem somos. No fundo é isso que
queremos. Nosso relacionamento com Deus, em primeiro lugar; com nós mesmos; e
com os outros nos levam ao amadurecimento.
Saber quem eu sou gera segurança e convicção de que
existe um propósito de vida, e o resultado desse entendimento são as mudanças
para melhor, o amadurecimento. Caminhando com Jesus é impossível permanecer na
zona de conforto, porque ele sempre tem lições novas para nos ensinar, é uma
fonte inesgotável de vida, conhecimento e sabedoria. O fato de perceber que
preciso crescer já é um avanço, mesmo que, num primeiro momento, eu não consiga
sair do lugar. A posição que assumo diante dessa condição também é fundamental:
crescer ou permanecer na atual estatura. Ninguém pode tomar essa decisão por
mim.
O Espírito Santo habita em você? É ele quem nos
ensina e nos capacita em todas as coisas (João 14.26). Por isso,
anime-se! Pois eu estou certo de que Deus, que começou esse bom
trabalho na vida de vocês, vai continuá-lo até que ele esteja completo no Dia
de Cristo Jesus (Filipenses 1.6 – NTLH). Eis a promessa!
Feliz 2018! Que nesse novo ano aproveitemos as
oportunidades para crescer, e desfrutar de uma vida abundante, em Cristo Jesus.
Eis que faço novas todas as coisas (Apocalipse
21.5).
*Dei aos desenhos que ilustram esse artigo o título
de “Meu retrato: dois pontos de vista”. As autoras são minhas sobrinhas. Elas
me desenharam espontaneamente e em momentos diferentes. Presentes
significativos para mim!
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